domingo, 23 de agosto de 2009

INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO - Experiência e estudo ajudam deficientes

Estudo revela que pessoas com deficiência e com idade entre 30 e 49 anos ocupam maioria das vagas do mercado

No Ceará, a maioria dos postos formais ocupados pelas pessoas com alguma deficiência ocorre, nas faixas de 30 a 39 anos (3.007) empregos e de 40 a 49 anos (2.040). Enquanto isso, a faixa entre 18 e 24 anos detém 1.396 empregos e a faixa entre 25 e 29 anos, 1.542 vagas, revela o estudo "As pessoas com deficiência e o mercado de trabalho no Ceará: um olhar multifocal", divulgado pelo Governo estadual, em parceria com a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado do Ceará (STDS) e o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Segundo a publicação, o maior tempo de estudo e experiência acabam sendo diferenciais.

Assim é o caso da assistente administrativo Rosângela Colares, de 45 anos. Com sorriso no rosto e carinho dos colegas, sua rotina de trabalho é absolutamente normal. Sua perna esquerda dois centímetros maior que a direita - em decorrência de uma paralisia infantil - nunca atrapalhou a sua inserção no mercado de trabalho. "Sempre trabalhei numa boa. Meu primeiro emprego foi na Companhia Estadual de Desenvolvimento Agrário e Pesca. Quando o Governo extinguiu a Cedap fiquei um tempo desempregada até que fui trabalhar numa sapataria como recepcionista do crediário. Agora, no grupo onde trabalho, estou há sete anos. Já fui recepcionista, passei pelo departamento de engenharia e, hoje, no setor de arquivo, estou há quase um ano", comenta.

No caso de Rosângela, por ela ser portadora de uma deficiência considerada de grau leve, arrumar uma vaga no mercado de trabalho acaba sendo menos complicado. "Trabalhadores com problemas visuais e mentais são os que mais enfrentam dificuldades de inserção", frisa o coordenador de Estudos e Análises do Mercado do IDT, Erle Mesquita.

Perfil

Analisando por setores, a Indústria de Transformação absorve mais profissionais (4.109). Em seguida, aparece Serviços (2.764). "As áreas mais requisitadas são os setores administrativos, de suporte e atendimento das empresas. As linhas de produção das indústrias também costumam empregar muitos trabalhadores com problemas auditivos, uma vez que isso acaba não sendo empecilho para a realização da atividade", observa Mesquita. O emprego formal das pessoas com alguma deficiência ainda é, em sua maior parte, ocupado por homens. Eles representam 65,82% (5.728) dos postos, enquanto as mulheres são 34,18% (2.985).

É importante ressaltar que a Constituição brasileira faz as seguintes previsões para os deficientes: proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (arts. 5º, caput, e 7º, inc. XXXI, da CF/88), bem como prevê a reserva de cargos públicos, a serem preenchidos através de concurso, para pessoas portadoras de deficiência física (art. 37, VII, da CF/88). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os deficientes se dividem em: deficiência física (tetraplegia, paraplegia e outros), deficiência mental (leve, moderada, severa e profunda), deficiência auditiva (total ou parcial), deficiência visual (cegueira total e visão reduzida) e deficiência múltipla (duas ou mais deficiências associadas). O estudo do Governo considerou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2007, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Censo Demográfico do IBGE, de 2000

EM FORTALEZA

Serviços é o setor que mais emprega

Dos 4.996 deficientes que são trabalhadores formais em Fortaleza, o setor de Serviços é responsável por empregar 2.397 pessoas (47,9%). Em seguida, aparece a Indústria (27,9%). Os demais 1.201 postos são divididos entre os outros setores (24%). Na capital, quase 600 empresas com mais de cem funcionários absorvem esse tipo de mão-de-obra. Os dados integram pesquisa divulgada ontem pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).

O objetivo do levantamento foi medir as oportunidades de inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e identificar o padrão cultural implementado pelas empresas do município, incluindo deficientes auditivos, visuais, físicos, mentais e múltiplos. "A maior preocupação da Prefeitura, diante da pesquisa, é saber se a Lei das Cotas [nº 8.213/91] está sendo cumprida pelas empresas", explicou o assessor técnico da SDE, Inácio Bessa.

O estudo apontou ainda que a principal dificuldade para contratar pessoas com deficiência está no setor de Construção Civil. O que justificaria seria a falta de pessoas qualificadas e a ausência de cadastro. Já o Comércio apresentou maior dificuldade na adaptação no ambiente de trabalho.

Pela Lei de Cotas, regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99, as empresas estão obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos (o que deve ser proporcional ao número geral de empregados) com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitadas para a função ofertada.

Por: (LB)LÍVIA BARREIRA Repórter - Nornal Diario do Nordeste

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