sábado, 8 de agosto de 2009

Dólar abaixo dos R$ 2: bom para uns, ruim para outros

A discussão sobre o nível do câmbio no Brasil abre o questionamento sobre as vantagens do real valorizado diante do dólar. Com a moeda americana valendo menos que R$ 2, fica mais barato consumir produtos importados e viajar. Por outro lado, exportadores tremem

O administrador André Teles, 28, fica empolgado quando o assunto na mesa de bar é a cotação do dólar. “Tenho muitos amigos que trabalham com finanças, com administração, então esse é um tema recorrente na minha vida até mesmo nas horas vagas”, brinca. André faz o tipo “viciado em cotação”, como ele mesmo se define. Quando o dólar apresenta queda, ele comemora, mas sabe que um dólar desvalorizado demais não é bom para a economia como um todo. “Eu aproveitei a queda do dólar para fechar o pacote de uma viagem que vou fazer ao Exterior, mas tem amigo meu aproveitando para comprar principalmente produtos eletrônicos”, conta André.

De fato, o dólar desvalorizado reflete no bolso do consumidor. Fica mais barato viajar para o Exterior, dá para se deliciar sem culpa com iguarias importadas e certos produtos eletrônicos acompanham o movimento e caem de preço. “A vantagem do dólar baixo é que isso barateia as importações, então os consumidores de bens importados e empresas que importam têm um ganho”, lembra o economista Lauro Chaves Neto.

Se já é possível sentir os efeitos do dólar baixo? Lauro explica: “O consumidor demora a sentir a redução nos preços porque os empresários só baixam quando fazem novas compras”. A velocidade com que o dólar cai, portanto, não é proporcional ao repasse de preços ao consumidor, variando de acordo com o setor dos produtos a serem consumidos.

Investimentos
Uma dúvida bastante comum entre os consumidores é sobre a viabilidade de aproveitar a tendência de queda para investir na compra da moeda americana. O economista e consultor financeiro João Maceno Gomes não considera um bom negócio. “Não vale à pena. Não há sinais de instabilidade, então nossa moeda vai continuar rendendo e o dólar deve estabilizar”, argumenta Macedo.

A compra do dólar no patamar que está vale para quem pretende, por exemplo, fazer viagens internacionais e não quer correr o risco de ver a moeda americana aumentar de valor nos próximos meses, mesmo que o mercado não sinalize uma oscilação brusca. “Os dólares que vou levar na viagem também já estão garantidos. Se cair mais, compro mais”, destaca André.

Fechamento
Após cinco dias de queda, a cotação do dólar comercial subiu, na quinta-feira, 1,44% e fechou em R$ 1,837 na venda. Foi a maior alta percentual para um pregão desde o dia 7 de julho. No ano, a perda acumulada já chega a 21,26%.

Analistas defendem que movimento de preço da moeda americana para cima tem caráter pontual, já que a tendência continua sendo de baixa. O economista Lauro Chaves Neto chama a atenção para a necessidade de um equilíbrio no valor do dólar. “O equilíbrio está entre R$ 2,10 e R$ 2,20. Essa é a minha opinião”, finaliza.

E MAIS

ENTENDA A QUEDA

- Um dos principais motivos da queda no preço do dólar no Brasil é o aumento da quantidade de dólar que entra no País.

- Apesar das recentes quedas na taxa básica de juros, ainda temos juros altos se comparado a outros países. Juros altos atraem investidores estrangeiros que injetam capital no País para lucrar a juros altos.

- Com o dólar baixo, a tendência é aumentar a quantidade de produtos importados, o que é ruim para as indústrias nacionais.

- Apesar disso, o dólar baixo ajuda a controlar a inflação devido a concorrência com produtos importados.

Por: Dalviane Pires da Redação Jornal O Povo.

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