segunda-feira, 19 de março de 2012

Aprenda com pequenos empresários como fazer sucesso nas redes sociais

Não há fórmula mágica para conquistar seguidores ou fãs para a sua empresa nas redes sociais. Cada empreendedor deve buscar o tom mais adequado para se comunicar com seu público pela internet, de acordo com a realidade do seu negócio.

Mas é possível se inspirar em boas ideias. Conheça dez iniciativas criativas de pequenos empreendedores que tiveram sucesso ao divugar suas empresas nas mídias sociais. Eles dão dicas e ensinam como conseguiram, muitas vezes na tentativa e erro, encontrar boas estratégias para marcar presença na internet.

Como marcar presença nas mídias sociais

Produza:

Crie uma bela imagem com conteúdo:
Lydia Himmen, dona da Plus, uma galeria de arte online em Goiânia (GO), percebeu que, para seu negócio, o pulo do gato é a qualidade da imagem associada a um conteúdo bacana.
Por isso, ela prefere participar de redes sociais que oferecem ferramentas próprias para o tratamento e compartilhamento das fotos, como Flickr, Instagram e Tumblr.
O cuidado na produção das fotografias bem como dos comentários é fundamental. “Dá muito certo fazer contato com os artistas e postar o passo a passo da criação de uma obra. Arte envolve encantamento e esse processo de transformar as matérias primas em uma peça é mágico, as pessoas gostam de saber como foi feito, quais foram as etapas percorridas.”
No blog e no site institucional, há os links para outra boa ideia: a página das exposições. O internauta vê todas as obras, lê o texto produzido pelo artista para aquela exposição, escuta a trilha selecionada para fruição das peças, preenche a lista de presença e pode fazer o download do catálogo. No blog, há também o botão para acessar a loja virtual, tudo muito clean e interligado.

Prepare-se:

Entenda os mecanismos antes de usar
A capacitação foi, na opinião de Katia Stocco, dona da revista online feminina Shine Woman, o que fez com que sua empresa entrasse na rede da forma correta. Para ela, os empreendedores devem sempre buscar informações e cursos sobre mídias sociais para qualificarem sua presença nesses espaços.
Antes de lançar a revista eletrônica Shine Woman, ela fez um blog para desenvolver as habilidades que adquiria em um curso sobre redes sociais.
“Transformei o blog na revista.” E as mídias sociais vieram antes mesmo da criação desse portal. Facebook e Twitter serviram para criar o clima do lançamento da publicação eletrônica e trabalhar a marca.
“Causou uma expectativa entre os colaboradores do projeto e serviu para divulgar e observar o que as mulheres postavam, assuntos que se tornaram pautas da publicação.”

Interaja:

Alie interação com promoções
Outra dica importante vem de Uberlândia (MG). Lú Ferreira, dona da Ocasiões Especiais, loja virtual de presentes personalizados criativos e brindes para eventos, investe na interatividade com os clientes, que enviam fotos para serem publicadas nas páginas da empresa no Facebook e Twitter.
“As pessoas gostam de se ver, afinal, a rede é social. Acham legal também ver os produtos customizados para suas ocasiões especiais. Quem manda suas fotos com as peças entra em um cadastro para os sorteios. Todos lançamentos também são divulgados nas redes sociais.”
Lú também procura sempre alinhar o conteúdo de seus posts no Facebook aos produtos que oferece. “Primeiramente, busco as tendências de decoração ou em lembranças de casamento, aniversário e kits. Ligado a essas informações apresento as peças que desenvolvo na mesma linha, ou complementares.” A informação por ela postada agrega valor ao seu portfólio.

Comente:

Rotina da empreendedora é assunto
Lene Pires, dona da Cravo & Canela – loja de joias artesanais feitas em prata e elementos locais como fibras e algodão, sediada em Teresina (PI) –  aposta nos inúmeros afazeres que cumpre ao longo do dia para gerar “buzz” (buchicho) em suas páginas nas redes sociais.
Ela foi a Milão, na Itália, no ano passado, aprender novas técnicas de fabricação das peças e transformou o curso em assunto para vários posts. “No Natal, vendi horrores, porque as pessoas vinham à loja conhecer o que eu havia aprendido.”
A dica é encontrar, nos compromissos marcados na agenda, o gancho com o negócio. “Pode ser até uma viagem a passeio, mas o empreendedor está sempre absorvendo referências e mostrando seus produtos. Tenho sempre uma câmera comigo. As informações que servem para enriquecer minha pesquisa de produtos são fotografadas e postadas, com um comentário, bem como os encontros nos quais mostro meu portfólio.”

Agregue:

Atividades paralelas impulsionam negócio
A artesã Érika Martins descobriu que o conteúdo relevante para as páginas em redes sociais da Arte & Encanto – marca dos produtos que faz usando técnicas como cartonagem e entrelaçamento de pedrarias – não são as informações sobre as peças em si, mas um trabalho paralelo por ela desenvolvido. “Estou sempre dando cursos, oficinas, workshops.”
As redes sociais surgem como ambiente para anunciar esses eventos, comentar sobre o que vai ser ensinado e postar fotos. “Com isso, integro o produto e o serviço. Faço a propaganda do próximo encontro e gero renda duas vezes. Primeiramente, quando consigo a turma paga pela capacitação e, pela segunda vez, ao levar os objetos e montar, no fim das aulas, minibazares. Vendo muito nessas ocasiões”.
Outro ponto destacado pela artesã é a importância de se buscar grupos sobre assuntos específicos dentro das redes sociais, ligados ao seu negócio, e procurar fazer parte deles. “Estou em vários de artesanato. É fundamental para o network.”

Una forças:
Promova produtos em sites parceiros
Uma boa sacada de Alexandre Miranda, dono da Duetto Coleiras, loja especializada no acessório para cães, são as parcerias firmadas com outros vendedores de produtos para cachorros.
Ele e a sócia Natalie Foresta promovem seus produtos em fan pages desses parceiros, recebem e doam brindes para serem distribuídos ou servirem de premiação aos seguidores e fãs que participam de concursos por eles lançados nas mídias sociais.
“Assim, todos saem ganhando, porque consigo atingir o público dos parceiros com meus produtos e vice-versa. Compartilhamos cadastros e sempre linkamos as informações do post no qual anunciamos a promoção ao endereço eletrônico dos parceiros e eles fazem o mesmo.”
A Duetto também se vale das ferramentas que o próprio Facebook disponibiliza, como as enquetes, para conhecer mais sobre público: “as perguntas devem ser curtas, objetivas e, no nosso caso, deu certo dar três opções de resposta.”

Surfe na onda:

Aproveite movimentos espontâneos
O chef e dono do restaurante à la carte Quinta da XV, em Santos (SP), José Manuel de Paiva, percebeu que um hábito comum entre os clientes era fazer fotos dos pratos para compartilhar nas mídias sociais.
Decidiu, então, investir mais ainda na apresentação do que serve. “Incrementei ainda mais o visual.” E seu lema agora é: capriche no off-line para aparecer bem na fita online.
Para completar, Paiva posta, diariamente, o cardápio no Facebook, com uma fotografia bem produzida, a sugestão do dia e informações sobre as receitas. “É preciso redobrar o cuidado com as rotinas off-line quando se está online, porque reclamações na sua página podem se propagar com uma velocidade absurda. Você vai do céu ao inferno em minutos.”

Seja claro:

Crie um espaço virtual focado no seu produto
A lição da Madame Trapo, loja virtual especializada em bonecos de tecido com características lúdicas, vale a pena ser seguida por quem já tem um blog da empresa há mais tempo e começa a enfrentar os mesmo problemas que Eglair Quicollli vêm se deparando.
Como a dona da marca infantil segue à risca o ensinamento de postar conteúdo diversificado e ligado ao segmento no qual atua, e não apenas informações focadas em vendas, seus leitores começaram a confundir qual o seu negócio. “Dava, por exemplo, uma dica de moda infantil e as pessoas me procuravam perguntado onde podiam comprar aquela roupa.”
Por isso, está em curso o desenvolvimento do site institucional, que vai conter o blog. “O chamariz continua sendo o conteúdo do blog. Levo duas horas para fazer um post, porque vou a fundo, busco as fontes, referências interessantes, não me limito a replicar informações. Para estar presente de forma qualificada nas redes sociais, tem que ter gosto pela coisa.”

Forme opinião:

Relacione-se com formadores de opinião
Bia Moraes, dona da loja homônima de acessórios femininos em Ribeirão Preto (SP), obtém ótimos resultados – aumento de visitantes em seu blog e na fan page – por meio dos contatos com responsáveis por blogs de moda, beleza e outros temas ligados ao seu negócio.
Não há fórmula para criar relacionamento com essas blogueiras. “As abordagens são caso a caso. Há casos em que mandamos convites dos lançamentos das coleções. Para outras, começamos a conversa com um e-mail e, se autorizado, enviamos peças para elas vestirem e darem opinião.”
Há também as blogueiras pagas para postar conteúdo sobre a marca em seus perfis. “Antes de oferecer o patrocínio, é preciso identificar se aquela pessoa é, de fato, formadora de opinião na área que o empreendedor atua.”

Invista em quem sabe:
Empresário escolheu franquia antenada nas redes
O franqueado Nilson Brito, o primeiro da MyGloss, escolheu investir na rede pela presença do franqueador nas mídias sociais. “A forma como a marca se comunicava com as clientes, sempre de uma forma descontraída e com dicas interessantes de moda, foi decisiva.”
A dica do empreendedor para quem pretende entrar no franchising é escolher uma rede que já tenha presença qualificada nesses espaços. “A MyGloss tem mais de 400 mil seguidores, está sempre antenada para as redes sociais e o que sai no Facebook, realmente, esgota.”
Recentemente, a empresa lançou o comércio eletrônico dentro dessa plataforma. O franqueador prevê, no modelo de negócio, a instalação de equipamentos nas lojas que permitem às clientes fotografarem as produções e postarem as imagens na fan page da MyGloss ou em seus perfis pessoais.

Por: Izabela Ferreira Alves - UOL, em São Paulo

quinta-feira, 15 de março de 2012

Falta de conhecimento afasta micro e pequenas empresas das redes sociais


As redes sociais são febre no Brasil, mas levantamento inédito feito pela Ecommerce School, centro de cursos de comércio eletrônico e mídias sociais, com 1.080 micro e pequenas empresas brasileiras revela que apenas 20% dessas organizações usam o Facebook ou o Twitter como ferramenta de negócios.
 
Outra pesquisa, feita pela KPMG Internacional, mostra que os brasileiros estão até 30% mais propensos a dizer que suas empresas devem recorrer às mídias sociais como parte dos negócios do que os britânicos, australianos, alemães ou canadenses.

Entre as causas pelas quais empresas de pequeno porte deixam de participar de redes onde há mais de 845 milhões de usuários cadastrados é a falta de conhecimento das ferramentas, aponta Mauricio Salvador, diretor da Ecommerce School. “Além disso, no Brasil, menos da metade da população tem acesso à internet. Muitas vezes, o empreendedor não vê esses espaços como geradores potenciais de oportunidades de negócios.”

Redes Sociais não equivalem a aumento no lucro, mas em relacionamento com os clientes.
Um erro comum percebido por Salvador é esperar retorno em vendas e contratações ligado à presença nas redes sociais e em pouco tempo. A não produção do conteúdo de carga é outro problema. Depois de criados os perfis, o empresário precisa fazer tweets ou posts mesmo sem seguidores ou fans. Essa estratégia é importante para evitar que os visitantes futuros não encontrem as páginas vazias e parem de frequentá-las. Também é necessário atualizar diariamente as páginas nessas plataformas. “A pessoa entra um dia, vê um post. No outro dia, é a mesma coisa, desmotiva-se a entrar novamente e o empreendedor perde a chance de criar um vínculo com esse cliente atual ou potencial.”

Segundo o especialista, outro erro muito prejudicial à imagem da empresa nas redes sociais é confundir páginas institucionais com pessoais. As pessoas não visitam fan pages ou perfis de organizações para saber mais da vida particular de seus donos ou suas opiniões, mas para encontrar conteúdo relevante.

Redes Sociais são feitas de conexões entre pessoas com interesses comuns
E o que vem a ser a tão falada relevância na internet? “É a capacidade que a empresa tem de, por meio de sua presença no ambiente digital e através do conteúdo interessante gerar relacionamento com seus clientes e engajamento desses com sua marca. A consequência natural desse processo são as vendas, mas elas não devem ser buscadas o resultado primordial”, afirma o consultor de planejamento estratégico digital, Felipe Morais.

A comparação feita por Morais, autor do livro Planejamento Estratégico Digital, ajuda a entender qual é o tom das conversas que o empreendedor deve protagonizar nas redes sociais. “No início, é como pisar em ovos. Imagine estar numa balada. Você vê uma moça, gosta dela e vai se aproximar para puxar papo. Não dá para chegar falando ‘me beija’.”

O passo a passo para entrar nesses espaços e conquistar os clientes está ligado ao próprio nome dessas redes. A sociabilidade é o mais importante. Elas não são, prioritariamente, um canal de vendas, apesar de os negócios serem o objetivo final das empresas nesses espaços. “E ser social não é só falar – dos seus produtos, serviços, promoções. É saber ouvir”, diz Morais.

Redes Sociais não são apenas SAC
Ouvir os clientes, para Tim Norris, diretor de Tecnologia e Performance da KPMG Internacional, é muito mais do que responder críticas, sugestões ou interagir com comentários. “O pequeno empreendedor pode postar um vídeo de um produto no You Tube e pedir sugestões para seus conhecidos. Usar esses espaços para fazer pesquisas de mercado é uma grande sacada.”

Sem contar que, depois de criadas as contas, você pode visitar o perfil de todos os seus clientes. Saber quais jornais ele lê, quais restaurantes frequenta, enfim, conhecê-lo muito mais profundamente, sem depender das respostas às tradicionais pesquisas de satisfação ou do preenchimento de cadastros.

Como exemplo inspirador, o consultor do Sebrae São Paulo, Gustavo Carrer, cita a loja Emme. A empresa está na maioria das redes sociais e com uma estratégia bem delineada. O blog da loja alimenta todas as outras mídias. Funciona como uma fonte única, que dispara atualizações para todas as demais.

O mote das conversas na Emme  -- posts no blog, no Facebook, tweets e em outras mídias -- não são os produtos, mas assuntos interessantes para seu público: música, estilo e arte. As fotos são bem produzidas e é promovida a integração da loja com as plataformas digitais. “A cliente pode fotografar uma produção e postá-la nas redes sociais dentro da loja.”

Quem está fora deve começar a planejar a entrada
Para completar, Natan Sztamfater, sócio-fundador da Agência CookieWeb, destaca o princípio que deve nortear todas as ações citadas pelos demais especialistas. “É fundamental ter total transparência, não apagar nenhum post de um cliente, mesmo que for uma reclamação. Isso pode abalar a credibilidade de uma marca para sempre.”
E o presidente do Sebrae dá a dimensão da urgência: "hoje, a internet e as redes sociais são diferenciais importantes e, em um futuro próximo, serão indispensáveis. Então, o quanto antes uma empresa entender, planejar e iniciar sua utilização, mais vantagens competitivas ela terá."

Por: Izabela Ferreiras Alves - UOL, em São Paulo.