quarta-feira, 1 de julho de 2009

Resultado dos acordos salariais supera 2008

Até maio, 96% das categorias têm reposição da inflação ou ganho real

A quase totalidade dos acordos salariais negociados de janeiro a maio deste ano resultou em reajuste igual ou superior à inflação. Apesar dos efeitos recessivos da crise financeira global, o resultado foi melhor que o registrado em igual período de 2008.

Levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica que 96% das categorias profissionais com data-base nesse período conseguiram reposição da inflação ou aumento real de salário. No ano passado, esse porcentual foi de 89%.

A análise foi feita com base no resultado das negociações salariais de 100 categorias, nos três setores da economia (indústria, comércio e serviços) de todo o Brasil.

Para José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Dieese, o bom resultado das negociações este ano se deve em grande medida à inflação baixa, na casa de 5%, e em trajetória de queda.

"No primeiro semestre do ano passado, a inflação também era baixa, porém ascendente", comparou. Oliveira relatou que, desde 2003, sempre que a inflação regrediu, os ganhos conquistados pelos trabalhadores foram maiores.

Segundo ele, o aumento real (acima da inflação) do valor do salário mínimo também contribuiu para o bom desempenho das negociações até agora."O salário mínimo serve de referência para o reajuste de muitas categorias cujo piso salarial é muito próximo do mínimo", explicou Oliveira.

Por outro lado, o levantamento mostrou que o porcentual de ganho real dos salários diminuiu em relação ao ano passado. Em 2008, 50% dos acordos garantiram ganho real entre 0,51% e 2% acima da inflação. Neste ano, essa proporção caiu para 36%.

Já a participação das categorias com ganhos de até 0,5% acima da inflação aumentou de 15%, em 2008, para 25% este ano. Uma minoria de 3% das categorias conseguiu aumento acima de 5% além da inflação.

O levantamento do Dieese constatou que 78% dos acordos analisados resultaram em aumento real de salário, praticamente repetindo o desempenho do ano passado (77%). O que aumentou foi o número de acordos que asseguraram pelo menos a recomposição das perdas ocorridas desde o último reajusta. Passou de 12%, em 2008, para 18%, agora.

AJUSTE PELO EMPREGO
Para Oliveira, o fato de a crise pouco ter influenciado nas negociações salariais reforça as análises de que o ajuste das empresas ocorreu principalmente pelo expediente da demissão de trabalhadores, e não pelo achatamento dos salários das categorias. "As demissões ocorreram principalmente no setor industrial, que foi o mais afetado pela crise de crédito.

"O setor de serviços foi o que apresentou o melhor desempenho nas negociações deste ano. O porcentual de categorias com perdas salariais foi reduzido de 14% para 4%, enquanto a proporção das que conquistaram aumentos reais subiu de 71% para 78%.

Por: Marcelo Rehder - Estadão

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