quinta-feira, 16 de julho de 2009

Companhias aéreas buscam novas fontes de receita

Com margens cada vez mais apertadas, empresas apostam em milhagem e venda de serviços

Com a competição acirrada e margens cada vez menores na venda de passagens, as companhias aéreas estão se estruturando e abusando da criatividade para faturar nos extras. A cobrança por bagagens extras já se tornou uma realidade nos Estados Unidos - só no primeiro trimestre deste ano, as companhias aéreas americanas arrecadaram US$ 566,3 milhões com taxas de bagagem. Na Irlanda, a Ryanair estuda cobrar até pelo uso do banheiro.

No Brasil, depois de uma experiência piloto, a Gol se prepara para estender, de forma gradual e para voos acima de uma hora e quarenta minutos, a venda de lanches a bordo. A iniciativa, que já está em teste em 5 rotas, será estendida para o voo São Paulo-Brasília.

De acordo com o vice-presidente financeiro da Gol, Leonardo Pereira, no futuro, a empresa também poderá oferecer outros produtos a bordo, como perfumes e artigos tradicionais das lojas duty free, além de merchandising da própria Gol, como maquetes de avião.

O executivo não faz projeções financeiras sobre as metas da companhia com a venda a bordo, mas afirma que as chamadas receitas auxiliares - tudo o que não é receita de passagem, como carga, fretamento, programa de milhagem, entre outros - representam hoje 11% do faturamento da empresa, que foi de R$ 6,4 bilhões no ano passado. A maior parte disso hoje é carga, com R$ 500 milhões. "Não vejo por que não poderíamos dobrar o faturamento com as receitas auxiliares em cinco anos", afirma. De acordo com o executivo, as receitas auxiliares têm potencial para chegar a 20% das receitas de uma companhia aérea, não mais do que isso. "É preciso diversificar as receitas, mas sem afetar o conforto do passageiro."

Em termos de receitas auxiliares, a Gol, e também a concorrente TAM, apostam sobretudo no potencial dos seus programas de milhagem.

O programa Fidelidade, da TAM, que conta com 5,9 milhões de clientes cadastrados, rendeu R$ 528,2 milhões no ano passado - ante uma receita líquida total de R$ 11 bilhões. O número representa um crescimento de 82% em relação ao ano anterior. Para este ano, o crescimento deve ser ainda maior, graças ao efeito do ingresso da companhia na rede Star Alliance. Só no primeiro trimestre deste ano, a receita foi de R$ 209 milhões, crescimento de 160% ante o igual período de 2008.

Recentemente, a TAM anunciou a transformação do Fidelidade em uma unidade de negócios, que vai se dedicar a potencializar as receitas e a rentabilidade. As divisões de carga e de manutenção também estão recebendo o mesmo tratamento de unidades de negócios.

Para a Gol, o programa Smiles representa hoje 2% das receitas, que no ano passado totalizaram R$ 6,4 bilhões. Mas a Gol tem demonstrado que está empenhada na sua revitalização. Recentemente, anunciou parcerias de cartões com os bancos Bradesco e Banco do Brasil, e também de compartilhamento de programas de milhagem com as companhias estrangeiras Air France-KLM e American Airlines. "Essas alianças globais não vão parar por aí", avisa Pereira. "O ideal, que queremos atingir nos próximos doze meses, é ter uns 4 a 5 acordos internacionais desse porte.

"Quando a Gol comprou a Varig, o Smiles quase não gerava receita, mas tinha 5,7 milhões de participantes, a maioria de alta renda. Hoje são 6,2 milhões, mas apenas 3 milhões ativos. "Mas o número de ativos está crescendo rápido, pois as pessoas estão se cadastrando a uma velocidade de 100 mil por mês", afirma Pereira.

Segundo ele, o Smiles está levando para a Gol um público de mais alta renda, que antes não voava pela companhia, entre outras razões, pela falta de um programa de milhagem. "A marca Smiles está mostrando claramente o seu valor."

Por: Mariana Barbosa - Estadão

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