domingo, 19 de julho de 2009

No País, aposta oficial é frustrada

GERAÇÃO DE EMPREGO

A reação lenta da indústria, prejudicada pelo desaquecimento do mercado internacional e a retomada também lenta do crédito, frustrou as expectativas de criação de emprego do governo em junho. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no mês passado houve geração líquida de 119.495 empregos formais, volume 61,38% inferior ao registrado em junho de 2008. Com os dados do mês passado, o Caged acumula no primeiro semestre um saldo positivo de 299.506 empregos formais, resultado 78% inferior ao verificado no mesmo período do ano passado, quando foram abertas 1.361.388 novas vagas.

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, esperava a criação de 131.557 em junho e, na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já falava em 136 mil vagas. ´Esperávamos uma recuperação melhor da indústria de transformação em São Paulo e, particularmente, um resultado melhor da indústria alimentícia´, disse Lupi. Segundo o Ministério do Trabalho, o desempenho de junho elevou em 0,37% o estoque de empregos da economia, que atingiu 32.292.808 vagas. O saldo em junho é resultado de um total de 1.356.349 admissões e 1.236.854 demissões.

A indústria teve o terceiro mês seguido de saldo líquido positivo de empregos, ao registrar 2.001 novas vagas no mês passado. Mas, no primeiro semestre, a indústria ainda registra saldo negativo de 144.477 vagas. Mas Lupi espera um melhor desempenho do setor industrial a partir do segundo semestre deste ano.

Ele afirmou que o seu otimismo se sustenta no fato de que vários segmentos da indústria já não têm mais estoques tão altos quanto tinha no início do ano e, além disso, o crescimento anunciado ontem do PIB da China de 7,9%, reforça crescimento do PIB brasileiro de 2% no ano com a criação de pelo menos um milhão de novos empregos formais.

O destaque em junho foi o setor de agropecuária, com a criação de 57.169 vagas. À exceção da extrativa mineral, que registrou saldo líquido negativo de 26 vagas, todos os setores mostraram contratações líquidas em junho. Serviços foi o segundo destaque do mês, com 22.877 vagas, seguido da construção civil (18.321 vagas).

O economista da LCA, Fábio Romão, faz um contraponto ao otimismo do ministro. Ele concorda que pode ocorrer uma retomada das contratações no segundo semestre, especialmente a partir de agosto, mas não chega tão alto nas apostas de Lupi de crescimento do PIB e de vagas no ano. ´Neste ano, acredito que serão criados 650 mil empregos, o que é coerente com um avanço do PIB de 0,5%. Em 2008, foi gerado 1,452 milhão de vagas, mas o País cresceu 5,1% no ano passado´, disse.

Para ele, realmente a fraca velocidade de reação da indústria em junho não permitiu que o Caged registrasse um ritmo maior de expansão. Para ele, o desempenho do setor manufatureiro apresenta lenta melhora — gerou 183 vagas em abril e 1.100 postos em maio — por causa de dois fatores básicos — o tardio fim dos estoques de empresas e as dificuldades dos fabricantes de bens duráveis e de máquinas —, relacionados ao ritmo lento dos investimentos e das exportações.

Por: Diário do Nordeste - Negócios

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