segunda-feira, 13 de julho de 2009

A tentação do crédito fácil


Bancos, financeiras e operadoras de cartões de crédito estão cada vez mais perto do consumidor.

A avidez das promotoras de cartões de crédito para conseguirem mais um usuário deste instrumento financeiro continua a mesma. É difícil encontrar uma pessoa que ande pelo eixo avenida Rio Branco - rua João Pessoa, no Centro de Natal, e não tenha sido abordada por uma dessas jovens portanto pranchetas e telefones celulares prontos para checar se o CPF do potencial cliente admite a emissão do cartão. Elas só não têm o mesmo empenho em esclarecer os encargos, multas e juros que todo "dinheiro de plástico" provoca quando o pagamento não é feito em dia. E é aí que a facilidade se transforma em uma grande dor de cabeça

Apesar dos dados dos últimos meses da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal) indicarem diminuição da inadimplência no estado, os números do Banco Central (BC) sinalizam o inverso no cenário nacional. Um estudo do BC mostrou que, considerados os consumidores que devem financiamentos há mais de 90 dias, a inadimplência atingiu o seumaior nível desde junho de 2000, passando de 8,6%.

Por trás dos índices e das ofertas de cartões e empréstimos, estão histórias como a da dona de casa Célia Maria Freire, de 55 anos. Ela circulava pelas financeiras do Centro em busca de R$ 1,3 mil para o tratamento renal. Dona Célia não tem plano de saúde. "Preciso quebrar as pedras que ainda estão nos rins. Já fiz duas cirurgias, mas as pedras voltaram".

Ela fala que, com R$ 7 mil, faz outra cirurgia para ver se "resolve de vez" o incômodo da dor renal. A reportagem encontrou a dona de casa quando ela acabara de sair de uma financeira, mas o dinheiro que ela tanto pretendia receber não foi liberado por causa de suas "pendências". "A moça falou que eu não podia receber dinheiro porque eu ainda devo à financeira", fala ela mostrando os débitos no extrato sua conta, que chegam a mais de R$ 500 por mês. O salário de Célia é um pouco mais de R$ 1 mil, uma pensão que recebe pela morte do pai, que era da Marinha. A mulher, que disse dever mais de R$ 10 mil, continuou sua peregrinação em busca de uma outra entidade que, enfim, liberasse o crédito.

Há quem, embora ainda procure acesso a crédito, acredite ter aprendido a lição da educação a financeira. A assistente administrativa Maria Rosilene Marçal, 36, já chegou a acumular uma dívida de R$ 3 mil, mas diz ter quitado a pendência "seguindo os conselhos da mãe". "Eu era muito consumista, vivia comprando besteira. Mas comecei a ouvir mais a minha mãe e só passei a comprar o estritamente necessário. Mas também me endividei porque fiquei um tempo desempregada", diz ela, que tinha acabado de conseguir um novo cartão de crédito.

Pesquisa

Simulação feita pela reportagem do Diário de Natal de um empréstimo de R$ 1.000, pagos em 12 prestações com suas taxas de juros mensais e suas respectivas taxas anualizadas.

Financeira Parcelas Valor Total Taxas Mensais Taxas Anuais

Fininvest 12xR$ 198,32 R$ 2.379,84 13,6% 137,98%

Cacique 12xR$ 159,00 R$ 1.908,00 11,45% 90,8%

Losango 12xR$ 170,00 R$ 2.040,00 9,9% 104%

Morada 12xR$ 144,96 R$ 1.739,52 6,49% 73,9%

Credicard 12xR$ 144,30 R$ 1.731,60 5,99% 73,1%

Financiamentos

Dinheiro bem-vindo

- Pegue um empréstimo apenas se for estritamente necessário;

- Observe seu orçamento, veja quanto você pode destinar ao pagamento do empréstimo por mês;

- Pesquise em pelo menos três instituições para encontrar as melhores taxas

- não esqueça de perguntar sobre o Custo Efetivo Total (CET), que inclui todos os custos de um crédito;

- Escolhido o banco, tente dividir o pagamento no menor número de parcelas possível;

- Pegue emprestado apenas o que precisar, ignore as sugestões do banco ou da financeira para você pegar mais dinheiro;

- Se seu empréstimo for consignado, não se esqueça de que ele virá automaticamente descontado em sua folha de pagamento;

- Se conseguir dinheiro para quitar a dívida antes, não aceite a primeira proposta do banco ou da financeira: vá ao Procon e peça ajuda no cálculo.

Por: Renato Lisboa - Diario de Natal - Economia

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