quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desaprenda as Velhas Lições da “Arte da Guerra”

Nunca simpatizei muito com as lições atribuídas ao general chinês Sun Tzu. Sempre as considerei um retrocesso no pensamento do management. Afinal, acredito que a era do comando-e-controle já chegou ao fim, esgotou-se o modelo que pode até ter sido útil na Era Industrial e do Produto, inspirada no pensamento militar, burocrático, verticalizado e na máxima popular do “cada macaco no seu galho” e no famoso “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Li e reli os curtos 13 capítulos do livro, apenas para constatar o que sempre desconfiava: essas velhas lições não servem mais para guiar as relações entre pessoas e entidades na Era dos Serviços e dos Clientes.

Mas nunca falei claramente sobre isso, afinal o livro virou um ícone no mundo corporativo, andou adotado em prestigiosas escolas de administração e transformou-se em livro de cabeceira de executivos em vários países, embalados pelas idéias belicistas de que “as verdades de Sun Tzu podem mostrar o caminho da vitória em todas as espécies de conflitos comerciais… nas batalhas em salas de diretoria… até mesmo na guerra dos sexos! São todas formas de guerra…”.

Considero nocivas para a formação de líderes, principalmente os mais jovens, essas idéias professadas em tom de verdade, sem uma análise crítica do seu contexto – essas estratégias foram reveladas em fragmentos escritos em tiras de bambu, há 2500 anos durante a dinastia Han. Se analisarmos a história do século XX, podemos perceber que tais idéias do general chinês devem ter servido de bela fonte de inspiração para personagens como outro chinês, o Mao Tse Tung, para Hitler e Stalin, assim como para alguns grupos terroristas e partidos políticos radicais.

Me atrevo agora a sugerir que devemos desaprender as lições da Arte da Guerra, após ter ouvido a brilhante palestra de Ricardo Neves, um pensador brasileiro original, em que ele desconstrói de forma consistente, profunda e contundente o modelo mental dos seguidores da ideologia Sun Tzu. Sugiro a leitura do seu novo livro “Tempo de Pensar Fora da Caixa” (Campus, 2009) muito mais útil e construtivo que as verdades obsoletas do general chinês, pois apresenta questionamentos e idéias – em vez de certezas – propositivas sobre a necessária transformação das organizações rumo a “Economia do Conhecimento”.

Por: César Souza -EM CIMA DO LANCE

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