Nunca simpatizei muito com as lições atribuídas ao general chinês Sun Tzu. Sempre as considerei um retrocesso no pensamento do management. Afinal, acredito que a era do comando-e-controle já chegou ao fim, esgotou-se o modelo que pode até ter sido útil na Era Industrial e do Produto, inspirada no pensamento militar, burocrático, verticalizado e na máxima popular do “cada macaco no seu galho” e no famoso “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Li e reli os curtos 13 capítulos do livro, apenas para constatar o que sempre desconfiava: essas velhas lições não servem mais para guiar as relações entre pessoas e entidades na Era dos Serviços e dos Clientes.
Mas nunca falei claramente sobre isso, afinal o livro virou um ícone no mundo corporativo, andou adotado em prestigiosas escolas de administração e transformou-se em livro de cabeceira de executivos em vários países, embalados pelas idéias belicistas de que “as verdades de Sun Tzu podem mostrar o caminho da vitória em todas as espécies de conflitos comerciais… nas batalhas em salas de diretoria… até mesmo na guerra dos sexos! São todas formas de guerra…”.
Considero nocivas para a formação de líderes, principalmente os mais jovens, essas idéias professadas em tom de verdade, sem uma análise crítica do seu contexto – essas estratégias foram reveladas em fragmentos escritos em tiras de bambu, há 2500 anos durante a dinastia Han. Se analisarmos a história do século XX, podemos perceber que tais idéias do general chinês devem ter servido de bela fonte de inspiração para personagens como outro chinês, o Mao Tse Tung, para Hitler e Stalin, assim como para alguns grupos terroristas e partidos políticos radicais.
Me atrevo agora a sugerir que devemos desaprender as lições da Arte da Guerra, após ter ouvido a brilhante palestra de Ricardo Neves, um pensador brasileiro original, em que ele desconstrói de forma consistente, profunda e contundente o modelo mental dos seguidores da ideologia Sun Tzu. Sugiro a leitura do seu novo livro “Tempo de Pensar Fora da Caixa” (Campus, 2009) muito mais útil e construtivo que as verdades obsoletas do general chinês, pois apresenta questionamentos e idéias – em vez de certezas – propositivas sobre a necessária transformação das organizações rumo a “Economia do Conhecimento”.
Por: César Souza -EM CIMA DO LANCE
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