quinta-feira, 2 de julho de 2009

Como os Poderosos Caem!

Conheci Jim Collins em 1992, quando morava em Washington, D.C. e o convidei para vir ao Brasil passar um final de semana em Búzios, no litoral fluminense, onde eu mensalmente organizava um encontro de grandes experts internacionais com um grupo de 25 presidentes de empresas nacionais. Ele era muito jovem na época, seu livro FEITAS PARA DURAR nem sequer havia sido traduzido. Mas fiquei impressionado com suas provocações e decidi trazê-lo para esse diálogo com os líderes empresariais brasileiros.
Relutou um pouco, me confessou que não gostava muito de viajar de avião, mas que era alpinista. E viria se eu conseguisse autorização para que ele escalasse o Pão de Açúcar! Fiquei intrigado com aquele paradoxo: medo de avião e coragem para escalar montanhas, o que seria mais perigoso?
Mais intrigado ainda fiquei quando, caminhando na Praia de João Fernandinho e ao apresentar nossa tradicional caipirinha para o ilustre convidado perguntei qual o seu sonho — desde essa época tenho a mania de sempre perguntar isso às pessoas, descobri que é a melhor forma de conhecê-las. “Quero ser conhecido no futuro como o substituto do Peter Drucker” me revelou olhando-me nos olhos com um discreto sorriso.

Nunca esqueci disso e desde então acompanho sua carreira com atenção. Seu novo livro – HOW THE MIGHTY FALL and why some companies never gives in (tradução livre: “Como os poderosos caem e algumas empresas nunca chegam lá”) — ainda sem data para lançamento no Brasil, é sem dúvida um passo na direção do seu sonho.

No livro, Collins aponta com clareza alguns dos problemas, alguns deles invisíveis que causam a queda de empresas que parecem sólidas, mas se desmancham no ar de forma surpreendente.
Li, avidamente, o sumário do livro que chegou as minhas mãos. Lembrei-me que em 1980 eu havia co-autorado um livro que saiu pela Editora Atlas com o título DESENVOLVIMENTO E DETERIORAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES. Na época, defendi o ponto de vista que a Administração estava evoluindo baseado apenas em casos de sucesso – os cases da DuPont, General Motors, quem diria, hein?, Xerox, etc—e que deveria seguir os passos da Medicina que dá saltos científicos em função da busca da cura para algumas doenças, não apenas relatos de casos de pessoas saudáveis…

Collins escreveu o que considero o melhor tratado até o momento sobre algumas causas das doenças que causam a deterioração dos paises, economias, empresas, produtos. A leitura do livro dele deve ser feita em conjunto com o livro do professor de Harvard, Paul Kennedy, chamado Ascenção e Queda das Grandes Potencias, publicado há mais de 10 anos. Interessante também que você acesse a matéria “Ascenção e Queda dos Gigantes” publicada esta semana na revista Época Negócios (pág 86) sobre um novo livro do consultor britânico David Hurst que argumenta sobre “a incapacidade sistêmica de muitas corporações de se renovar ao longo de sua história”.

Uma das coisas que mais admiro em Collins e foi a grande lição que aprendi da breve convivência com ele é que fazer boas perguntas é muito melhor que ficar tentando dar boas respostas. E ele começa o livro com uma pergunta matadora que um alto executivo uma vez formulou em uma conversa com ele: “Como você sabe que – principalmente quando você está no topo do mundo, vive na mais poderosa nação da terra, dirige a mais bem sucedida empresa do seu setor, é o melhor protagonista do jogo, é o líder naquilo que produz — o seu próprio sucesso e poder pode esconder o fato que você já está no caminho do declínio?”

Leitura obrigatória principalmente para os líderes das empresas líderes de mercado, o livro aponta 5 Estágios do Declínio:

Fase I: A Arrogância Nascida do Sucesso;

Fase II: A Busca indisciplinada do Mais;

Fase III: Negação do Risco e do Perigo;

Fase IV: Busca da Salvação;

Fase V: Capitulação: Irrelevância ou Morte.

Na sua empresa, você percebe sinais de arrogância nas pessoas, os dirigentes acham que sabem tudo, são peritos em todos os fatores que levaram ao sucesso, a cultura da casa considera que a empresa nasceu com a aura do sucesso, consideram que “em time que está ganhando não se mexe”, e julgam-se tão bons, tão inovadores e admirados que podem fazer qualquer coisa?

Se respondeu SIM à maioria dessas questões, cuidado, sua empresa está entrando na Fase I do Declínio! Melhor apertar os cintos e tentar reverter essa tendência para que sua empresa não desapareça no mar, como aconteceu com o trágico Airbus 330 da Air France. Aliás, antes de prosseguir suas atividades hoje, faça, se ainda não o fez, um minuto de silêncio em homenagem às vítimas e parentes do lamentável e triste Vôo AF 447.

Por: César Souza - Blog do Líder

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Um comentário:

Arnaldo Poggi disse...

Cara, gostei demais desse post seu sobre Jim Collins, me prendeu ainda mais a leitura em saber que voce o conheceu, e o trouxe para conhecer as belezas do Brasil. Gostaria de ter essa oportunidade também de conhecê-lo!. Estou a procura do seu livro mais novo também (Como os poderosos caem), e gostaria que você também me indicasse outras literaturas que ao seu ver são indispensáveis para o mundo dos negócios, visão de futuro e empreendedorismo.

Grande abraço.

Arnaldo Poggi
www.arnaldopoggi.com