quarta-feira, 10 de junho de 2009

Para analistas, apesar de recessão, economia já está se recuperando

Apesar da classificação um tanto assustadora de “recessão técnica”, oficializada hoje com a divulgação do PIB do primeiro trimestre pelo IBGE, a economia brasileira já começou sua trajetória de recuperação, defendem os analistas.

Segundos os dados do instituto, o PIB nacional teve contração de 0,8% nos primeiros três meses do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2008. É a primeira vez que o país entra em recessão desde o primeiro semestre de 2003, marcado pelas turbulências causadas pela incerteza do mercado quanto às conseqüências da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mesmo com os números negativos, a economia já mostra mais fôlego em relação ao final do ano passado, quando registrou queda de 3,6% no quarto trimestre de 2008 em relação ao trimestre anterior, a pior desde o início da série do IBGE, iniciada em 1996.

A tímida retração do PIB no primeiro trimestre chegou a surpreender o mercado, que esperava um recuo maior do que 1%. “O fim do poço ficou para trás. Ainda estamos caindo, mas estamos caindo menos. No segundo trimestre, deveremos fechar com um número positivo”, afirma Antonio Carlos Porto Gonçalves, professor de economia da FGV-RJ.

Assim como o governo, que vem batendo na tecla de que a configuração da “recessão técnica” é uma fotografia do passado, consultores e especialistas endossam o coro de que a economia brasileira já está em recuperação. “A desoneração do IPI, a desaceleração da inflação, os benefícios sociais e a política de valorização do salário mínimo estão ajudando o país a sair da crise”, afirma Francisco Pessoa, analista da consultoria LCA.

Indústria
“O ajuste de estoques da indústria também deve voltar a movimentar a economia”, completa. Como estava com nível alto de estoques no início da crise, o setor industrial cortou sua produção. Agora, com os estoques acabando, ela deve ser retomada.

No primeiro trimestre, no entanto, a indústria ainda foi a maior responsável pela contração do PIB. O segmento registrou queda de 3,1%, seguido pela agropecuária, com recuo de 0,5%, e pelos serviços, com ligeira alta de 0,8%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve recuo de 9,3%.

Se por um lado o desempenho da indústria prejudicou o resultado final do PIB, o consumo das famílias surpreendeu ao crescer 0,7%, contra o quarto trimestre de 2008, favorecido pelas políticas anticíclicas do governo. No entanto, essa fonte de crescimento pode estar secando.

“Houve muitos cortes no início do ano. As verbas rescisórias e mesmo o 13° salário ajudaram para que não houvesse redução do consumo. Daqui para frente, será diferente. Além disso, não acredito que os brasileiros tenham consumido mais do que iriam consumir com os incentivos fiscais, o que houve foi uma antecipação das compras que já ocorreriam”, defende Pedro Vartanian, professor de economia da Trevisan.

Além de um possível tropeço do consumo das famílias, no caminho do Brasil rumo a um novo ciclo de crescimento restam a recuperação do nível de investimento, que passou de 18,4% do PIB no primeiro trimestre de 2008 para 16,6% agora, e das exportações, que sofreram diminuição de 16% frente ao último trimestre.

Fechamento do ano
“Com o resultado de hoje (09/06), vamos rever a nossa expectativa de crescimento para o ano, de 0,5%, para cima”, diz Pessoa, da LCA. Segundo o boletim Focus da última segunda-feira (08/06), o mercado aposta em uma contração de 0,71%, enquanto o governo tem como meta o crescimento de 1%, previsto no Orçamento da União.

Por: Elisa Campos - Época Negócios

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