segunda-feira, 22 de junho de 2009

Franquias reduzem custos e tamanho de lojas para crescer no interior

Habib's, Yázigi e Nobel estão entre as redes em fase de 'interiorização'. Investimento necessário para abrir lojas no interior pode ser 50% menor.

À medida que o mercado de franquias no Brasil amadurece, as empresas mais antigas buscam formas de continuar a crescer, evitando que seus franqueados "se acotovelem" nos grandes centros urbanos do país.

Para garantir o ritmo de crescimento do setor – que projeta alta de 13% em 2009, após expansão de 19% no ano passado –, as grandes redes estão adaptando seus negócios para se expandir pelo interior, incluindo nessa estratégia cidades com menos de 100 mil habitantes.

Para aumentar a presença das marcas fora dos grandes centros, a adaptação passa tanto pela redução do espaço físico quanto do investimento inicial para a abertura do negócio, que pode cair mais de 50%.

Fast food
Conhecida por lojas de cerca de 350 metros quadrados, a rede de fast food Habib's desenvolveu uma versão "mini" de suas unidades pensando em bairros mais distantes e em municípios de menor porte.

São restaurantes de 150 metros quadrados, que exigem investimento de R$ 600 mil a R$ 700 mil do franqueado, cerca da metade do valor exigido para as lojas maiores, que varia de R$ 1,2 milhão a R$ 1,5 milhão.

Segundo o diretor de expansão do Habib's, João Augusto Ribeiro Penna, as lojas menores também têm custos fixos inferiores, pois o número de funcionários e o valor do aluguel também cai com a redução da área de vendas.

O tempo de retorno do investimento, porém, é o mesmo das lojas grandes, variando de 24 a 36 meses, uma vez que a projeção de faturamento dos Habib's "mini" é também menor.

Penna diz que a necessidade da criação de um novo modelo de restaurante foi percebido especialmente na prospecção de mercados no interior de São Paulo. Mas o projeto de expansão do Habib's neste ano inclui, segundo o executivo, as regiões Nordesde e Centro-Oeste.

"Vamos assinar os contratos para o franqueador master de São Luís (MA), que atenderá também a região de Teresina (PI)", ressalta Penna. Ao longo deste ano, também deve ser definida a trajetória de expansão da marca para Campo Grande e Cuiabá.

Livrarias
A Franchising Ventures, central que reúne dez marcas – entre elas, Livraria Nobel, Sapataria do Futuro, Zastrás Brinquedos e Café Donuts –, também adaptou as lojas da Nobel para cidades pequenas. Desta forma, a rede possibilitou a venda de livros em cidades que não tinham essa opção.

O diretor da empresa, Sérgio Milano Benclowicz, diz que é possível abrir uma loja de 50 metros quadrados da livraria a um custo total estimado de R$ 122 mil – justamente o modelo que mais cresce no interior do país. Para unidades de 250 metros quadrados, as maiores da rede, o investimento é de R$ 262 mil.

A Livraria Nobel tem 170 lojas no Brasil e estendeu sua expansão para o exterior, onde tem 16 lojas na Espanha, 3 em Angola e 2 em Portugal. O objetivo da Franchising Ventures é oferecer negócios complementares a seus associados. Por isso, algumas lojas da Nobel também têm uma unidade Café Donuts.

“Não existe obrigação. Se quiser, o franqueado pode se associar à Starbucks. Mas a relação com o mesmo franqueador reduz custos”, diz Benclowicz. Ele explica que, ao concentrar marcas, a Franchising Ventures reduz os custos dos associados com administração, que são divididos em forma de “condomínio” entre os franqueados das diferentes marcas.

Escola de inglês
Com 59 anos de mercado, a escola de idiomas Yázigi também busca o interior para aumentar o número de unidades de 402 para 500 até 2011. A empresa criou um modelo de escola para cidades a partir de 40 mil habitantes. O custo de instalação é de R$ 115 mil. Para as lojas de grande porte, recomendadas para municípios maiores, o investimento é de R$ 215 mil.

Para Alexandre Gambirasio Silva, diretor da rede, o sistema de franquias vai se desenvolver cada mais fora dos grandes centros. “O interior está sendo mesmo desbravado”, frisa. A escola diz que empreendedores em busca de um lugar mais tranquilo para viver estão entre aqueles que procuram abrir escolas de idiomas em cidades menores.

Por: Fernando Scheller - G1 Economia e Negócios

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