terça-feira, 23 de junho de 2009

“Estamos no momento da virada”

O economista Gary Becker diz que o crescimento deve voltar a partir do próximo trimestre e se diz “cautelosamente otimista” com o mundo - e surpreso com o Brasil.

O economista Gary Becker, vencedor do Prêmio Nobel de economia de 1992 e professor da Universidade de Chicago, está no Brasil pela segunda vez, acompanhado de sua mulher, a historiadora iraniana Guity Nashat. A primeira vez foi 15 anos atrás, justamente quando o país estava estabilizando sua economia. “Achamos muita coisa diferente, mesmo numa viagem de apenas três dias”, disse Becker, em palestra na manhã desta quinta-feira no evento Insights com Época NEGÓCIOS. “Sabíamos que a economia está muito melhor, mas ficamos ambos surpresos com o aumento da confiança dos brasileiros e seu otimismo sobre o futuro.”

Ele próprio se diz “cautelosamente otimista” em relação ao futuro da economia mundial. E resume as razões para seu otimismo de longo prazo na sigla METT - iniciais das palavras, em inglês, Mercado, Educação, Comércio e Tecnologia. “São todas forças poderosas, que interagem umas com as outras para criar crescimento na economia global”, afirma.

Quanto aos motivos para cautela, o primeiro, naturalmente, é a recessão. Ou quando sairemos dela. “Há não muito tempo, muitos colegas diziam que estávamos entrando numa nova Grande Depressão. Escrevi um artigo para o Wall Street Journal dizendo que não”, afirma Becker. “Agora parece que estamos no momento da virada. O declínio do PIB americano está desacelerando. E parece que no terceiro trimestre vamos começar a ver algum crescimento.” Se for assim, terá havido uma recessão severa no mundo. Mas nada comparável à Grande Depressão.

Outro risco é a inflação. Antes da crise, os bancos americanos tinham, em média, US$ 8 bilhões em excesso de reservas (dinheiro não emprestado). Hoje, têm US$ 80 bilhões. Quando a economia reaquecer, essas instituições vão despejar esse dinheiro no mercado, com juros baixos. Naturalmente, uma combinação inflacionária. Para Becker, a missão do banco central americano, o Fed, será elevar os juros e vender títulos para retirar o excesso de dinheiro do mercado.

Por fim, este economista da escola liberal de Chicago se preocupa com o debate entre diferentes visões do capitalismo - anglo-saxão (focado em mercado e competição) versus francês (mais estatal). “Este primeiro está sob ataque, o que não é surpresa. Não há dúvida de que o sistema financeiro se comportou mal antes e durante a crise.” O problema, para ele, é que a política econômica do governo Obama está se movendo em direção ao modelo francês de capitalismo. “Está certo, a GM não foi bem administrada. Mas duvido que o governo faça melhor".

Por: Por Alexandre Teixeira - Época Negócios

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