quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Crédito no Nordeste cresceu três vezes mais que no País

O crédito no Nordeste cresceu mais que o triplo do Brasil, na comparação de abril de 2009 com igual período de 2008

Estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) mostra a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento da Região Nordeste e do crédito no enfrentamento da crise econômica mundial. Entre outras coisas, a equipe de conjuntura do Etene/BNB, em análise trimestral, constata que o crédito no Nordeste cresceu bem acima do índice apresentado em âmbito nacional (7,4%), na comparação de abril de 2009 com igual período de 2008. O saldo das operações de crédito nordestinas alcançou R$ 68,5 bilhões, um crescimento real de 23%.

Além disso, enquanto as instituições financeiras privadas respondem por 1/3 dos depósitos e empréstimos na Região, os públicos participam com 2/3. Uma das conclusões do estudo é que os efeitos da crise financeira global sobre o sistema bancário foram mais intensos no Brasil do que no Nordeste. Para os técnicos do Etene/BNB, “a intermediação financeira feita pelos bancos públicos foi de 2/3. N no Brasil a situação está invertida, com 2/3 sendo realizada pelos bancos privados”, Isso explica, em grande medida, o fato de o sistema bancário nordestino ter sido menos atingido pelos efeitos da crise global do que em nível nacional”.

Na avaliação dos analistas, o sistema bancário brasileiro praticamente já superou as dificuldades causadas pela crise financeira internacional. Adianta que essa constatação é ainda mais “robusta” para o Nordeste porque todos os resultados apresentados pelas principais variáveis da intermediação financeira regional têm sido sistematicamente superiores aos nacionais.

A relação saldo de depósitos/Produto Interno Bruto (PIB), segundo o estudo, no Nordeste tem sido crescente nos últimos anos. “No final de janeiro de 2008, esse índice era de 22,4%, evoluindo para 26,4%, em abril deste ano, segundo estimativas realizadas pelo BNB/Etene. Entretanto, o índice regional está muito abaixo da média nacional, que havia alcançado a marca de 68,4%, nessa última posição”.

A participação do saldo das operações de crédito em relação ao PIB do Nordeste também tem sido crescente nos últimos períodos, passando de 15,1%, em janeiro de 2008, para 17,7%, em abril de 2009, de acordo com estimativas do BNB/Etene. Adiana que esse coeficiente ainda pode ser considerado muito baixa, tendo em vista que, para o Brasil, esse índice havia alcançado 43%, em maio último.

Para os analistas, esse baixo quociente regional comporta pelo menos duas leituras: a intermediação financeira ainda pode crescer muito dentro da economia nordestina e existe um amplo espaço de mercado a ser preenchido pelos bancos privados. Destacam ainda que, no final de abril deste ano, um pouco mais da metade do saldo dos empréstimos realizados pelo sistema bancário nordestino estava representado por operações de curto prazo (empréstimos e títulos descontados). As operações de longo prazo (financiamentos industriais, comerciais, rurais, agroindustriais e imobiliários) responderam por 34,4% do total, ficando a parcela restante (14,0%) com outros créditos.

E MAIS

- De acordo com informações fornecidas pelo Banco Central, o saldo dos depósitos bancários no Nordeste alcançou, no final de abril, o montante de R$ 102,4 bilhões, correspondendo a um aumento real de 24% em relação à mesma posição em 2008, bem acima do resultado obtido em nível nacional (11,5%). “É importante salientar que, no Nordeste, a maior expansão no saldo dos depósitos foi experimentada pelos bancos privados (31,3%), enquanto para os bancos públicos o crescimento foi de 20,2%. No âmbito dos bancos oficiais, o incremento maior no saldo dos depósitos foi apresentado pelo Banco do Brasil (26,4%), vindo em seguida a Caixa Econômica Federal (15,3%), os Bancos Estaduais (12,4%) e o Banco do Nordeste (8,6%).

- A maior expansão no saldo das operações de crédito ficou por conta da Caixa Econômica Federal (46%), vindo em seguida o Banco do Nordeste (29,9%), o Banco do Brasil (23,3%) e os Bancos Estaduais (18,7%). - Em termos de crescimento real, nos últimos 12 meses terminados em abril deste ano, a maior variação foi experimentada pelos financiamentos representados por outros créditos (79,3%), vindo em seguida os financiamentos imobiliários (41,8%), os empréstimos e títulos descontados (18,3%) e os financiamentos (5,9%).

- O Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) elabora, promove e difunde conhecimentos técnicos e científicos que subsidiam a ação do Banco do Nordeste e da sociedade, na busca do desenvolvimento sustentável do Nordeste.

- O estudo completo está disponível na internet em www.bnb.gov.br/etene/publicacoes A economia nordestina deverá crescer em 2009 acima do resultado nacional, em função de:
- menor peso das operações de crédito na economia
- maior peso dos bancos públicos na oferta de crédito
- menor grau de abertura da economia para o comércio exterior
- maior peso do setor público na economia
- melhores expectativas dos agentes econômicos
- o Nordeste em junho/2009 é a única região que detém expectativa de confiança (a maior, com escala 20,98), sendo que as expectativas das empresas a melhor de todas as regiões (a maior, com escala 13,93)

Por: Artumira Dutra

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