sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ipea: 18,5 milhões mudaram de classe em três anos

Segundo estudo do instituto, 11,7 milhões de brasileiros deixaram estrato de menor renda entre 2005 e 2008

O crescimento da economia nacional nos últimos anos tem conseguido elevar o padrão de vida no Brasil. Entre 2005 e 2008, 18,5 milhões de brasileiros ascenderam socialmente, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira (05/11). No período, 11,7 milhões abandonaram o estrato de menor renda, enquanto 11,5 milhões passaram ao nível mais elevado de rendimento do país.

Entre 1997 e 2004, o segmento mais pobre da sociedade representava quase 34% da população nacional. Em 2008, esse percentual passou a 26%, a menor participação desde 1995, ilustrando o que o Ipea classifica como “a volta da mobilidade social no Brasil”.

“Depois de ser uma das nações onde havia maior ascensão social no início do século XX, o país passou, durante as décadas de 80 e 90, por um período de estagnação, que termina em 2005”, afirma Márcio Pochmann, presidente do Ipea.

Para fazer o levantamento, o instituto dividiu a população brasileira em três faixas de renda, tomando como ano base 2001. O estrato inferior, com renda domiciliar per capita de até R$ 188, o segmento intermediário, de R$ 188 a R$ 465, e o superior, para rendimentos maiores do que R$ 465, valor do salário mínimo em vigor.

Segundo Pochmann, a ascensão social registrada no período se explica pelo dinamismo do mercado de trabalho. “Mais brasileiros subiram de estrato pela ampliação do emprego formal e, sobretudo, pela melhoria dos rendimentos”, diz.

Entre 2001 e 2008, a renda per capita nacional cresceu 19,8%, impulsionada pelo aumento real do salário mínimo. Durante o período, 55,5% dos brasileiros que passaram da classe baixa para média estavam ocupados e 32% tinham carteira assinada. Dos que migraram da faixa média para a alta, 69,7% estavam empregados e 44,8% tinham carteira assinada.

Perfil da ascensão
O instituto também avaliou o perfil dos brasileiros que conseguiram aumentar seus rendimentos acima do crescimento da renda per capita do país entre 2001 e 2008. A maioria deles, 3,1 milhões, está concentrada na região Sudeste (51,2%), seguida pela Sul, com 1,1 milhão (18,1%), Nordeste, com 991 mil, (16,4%), Centro Oeste, com 462 mil (7,6%), e Norte, com 404 mil (6,7%).
A parcela da população com ascensão social é essencialmente urbana. Apenas 19,8% dos brasileiros que passaram da classe baixa para a média vivem na zona rural. Ela é ainda mais feminina e negra: 51,7% dos que migraram para a classe média são mulheres e 61,1% negros. Em relação à escolaridade, a maioria, 30,1%, tem de quatro a sete anos de estudo.

Por: Elisa Campos

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