segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Gastos com inovação crescem na crise

As empresas brasileiras gastaram 18,7% a mais em P&D em 2008, frente às despesas com o setor em 2007

Mesmo em meio à recessão mundial, as mil empresas de capital aberto que mais gastam em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ao redor do globo aumentaram em 5,7% seus investimentos na área em 2008, em relação a 2007. Já no Brasil, as companhias listadas gastaram 18,7% a mais , segundo pesquisa anual de investimentos globais em inovação realizada pela consultoria Booz & Company.

No ano passado, as mil empresas analisadas investiram US$ 532 bilhões em P&D. No entanto, a alta foi um pouco inferior à média dos cinco anos anteriores, de 7,1%. O faturamento das companhias respondeu aos investimentos, crescendo 6,5% no período e alcançando US$ 15 trilhões, mas ficou abaixo dos 8,6% de anos anteriores. Os gastos com inovação continuaram representando 3,6% da receita.

No Brasil, Embraer, Petrobras e Vale gastaram US$ 2,2 bilhões no desenvolvimento de produtos e processos, montante 18,7% superior ao de 2007. A mineradora investiu 48,4% a mais, o equivalente a US$ 1,1 bilhão. A Petrobras manteve o gasto estável em US$ 929 milhões, enquanto a Embraer reduziu o investimento em inovação em 17,7%, para US$ 107 milhões.

Com o desempenho, as companhias nacionais responderam por 0,41% de todo o investimento privado em inovação no mundo em 2008. O faturamento das empresas brasileiras alcançou US$ 161,9 bilhões, 21,2% a mais do que em 2007. De acordo com a pesquisa, entre os Brics, o Brasil ficou atrás apenas da China, que investiu US$ 2,7 bilhões. Das mil companhias analisadas pelo estudo, quatro eram da Índia, 15 da China e duas da Rússia.

Mudanças

A pesquisa também mostrou que a inovação é considerada cada vez mais importante para a estratégia corporativa. Mais de 90% dos entrevistados disseram que ela é um fator crítico para que suas empresas estejam preparadas para o reaquecimento da economia e 70% deles afirmaram que suas empresas estão mantendo ou aumentando seus gastos em P&D este ano.
“Reduzir os esforços de inovação seria o equivalente a um desarmamento unilateral em tempos de guerra”, diz Waldir Viera, sócio da Booz & Company Brasil. “Este é um momento oportuno para estabelecer uma vantagem em relação aos concorrentes, especialmente os mais fracos, que eventualmente tenham que economizar em P&D por questões financeiras”.

O aumento dos gastos com P&D não veio sem um rigor maior em sua alocação. O estudo mostra que sete de cada dez empresas estão agora ajustando suas estratégias para captar melhor as exigências do consumidor -- e que metade dos entrevistados está se tornando mais conservador com relação aos filtros aplicados ao aprovar novos projetos de P&D. Além disso, quatro em cada dez estão se tornando mais avessos aos riscos, assim como estão aprendendo a abortar projetos ruins.

Impactos da recessão

A desaceleração econômica atingiu de maneira diferente cada setor. Em 2008, dois terços dos gastos com P&D se concentraram em três setores: informática e eletrônicos (27%), saúde (23%) e automotivo (16%). Foi exatamente este último que mais sofreu. Nove entre as dez empresas que mais gastam em P&D na categoria cortaram suas despesas com inovação. Mais: 60% das companhias do segmento reduziram seus gastos em comparação com 25% do ano anterior. O setor, como um todo, entretanto, aumentou suas despesas em 0,6%.

O segmento de software e Internet, por outro lado, claramente percebeu a recessão como uma oportunidade. Oito das dez companhias que mais gastam com P&D aumentaram suas despesas no ano passado. Os gastos no setor de informática e eletrônicos cresceram mais de 4%. O setor de defesa, o único em que os gastos com inovação registraram queda, sofreu com recuo de 2,3%.

Fonte: Época Negócios.

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