sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sociedade entre casais dá certo. Veja como

Casais contam como administram a dupla jornada conjunta: em casa e no escritório.

Aos quatro meses de namoro, a empresária Cláudia Alves, hoje com 29 anos, foi surpreendida por uma proposta de trabalho feita pelo namorado Ronaldo Coelho, 41. Coelho tinha acabado de inaugurar uma loja da franquia Rei do Mate e a queria como parceira. Embora não entendesse absolutamente nada de negócios e ainda estivesse no colegial, ela resolveu aceitar o desafio. Era a melhor maneira de ficar mais perto do namorado. 'Estava apaixonada e, a princípio, achei maravilhoso ficarmos grudados. Aos domingos, quando os outros funcionários folgavam, nós passávamos mais de doze horas na loja. Enquanto outros namorados iam ao cinema ou ao teatro, a gente trabalhava', diz Cláudia. Quando completaram seis meses juntos, o namoro ficou sério e o casal decidiu morar sob o mesmo teto. A partir de então, passaram a dividir não só as responsabilidades da empresa, mas também as de casa.

Assim como Cláudia e Ronaldo, muitos casais aproveitam a confiança e admiração que nutrem um pelo outro e se tornam sócios. Segundo pesquisa divulgada pelo International Stress Management do Brasil (ISMA-BR), casais que trabalham juntos entendem melhor as angústias e a carga horária do parceiro. A produtividade também é elevada. Em geral, eles ficam cerca de 12 horas diárias no emprego, enquanto a média nacional é de 9 horas.

Porém, não raro a proximidade excessiva faz com que a relação caia na monotonia e o casamento entre em crise. Viviane Scarpelo, psicóloga especialista em terapia de casais, afirma que relacionamentos afetivos entre sócios correm o risco de se desgastar mais facilmente porque eles não colocam limite para o trabalho. Segundo ela, os problemas da empresa são discutidos no café da manhã, no almoço, no jantar e em outros momentos em que o casal poderia descontrair, namorar ou conversar amenidades.

A falta de limite e a rotina voltada só para o trabalho pôs em xeque a união de Cláudia e Ronaldo. “Os momentos a dois eram raros. Não tinha mais sedução e nem conquista. Tudo o que eu fazia, ele estava junto. Além disso, como somos geniosos, era bem difícil um de nós ceder quando discordávamos. Os conflitos se tornaram constantes e a situação, insustentável”. A empreendedora diz que no auge da crise ela e o marido chegaram a ficar dois meses separados. A separação serviu para perceberem o quanto se gostavam e dar outro rumo à vida a dois. O primeiro passo foi procurar um terapeuta. Além disso, passaram a respeitar mais a opinião do outro, a não levar trabalho para casa e a agendar passeios. Eles também começaram a dividir melhor as funções de cada um na empresa. As mudanças solidificaram o casamento, que hoje já dura dez anos, e trouxeram bons resultados para os negócios. Eles são proprietários de cinco lojas Rei do Mate e têm planos de inaugurar em breve a sexta unidade.

Rita Silvino, 32, e Alexandre Novelli , 33, estão juntos desde 2004, mas só no ano passado resolveram aliar a vida de casados com a de sócios e abriram a Novelli Tech, empresa de consultoria em informática. Rita afirma que, por enquanto, ainda não sentiu nenhuma mudança no casamento, embora às vezes se surpreenda com atitudes do marido. “Em casa o Alexandre sempre foi mais tranquilo, fala pouco e é reservado. Não imaginava que ele fosse tão pró-ativo no trabalho. Conversa com todos funcionários, expõe opiniões e gosta de assumir riscos”. Rita diz não ter medo que a sociedade acabe com o casamento. “Nunca fomos acomodados. Gostamos bastante de viajar, namorar e sair. É claro que agora temos que aprender a administrar a vida de casado com a de sócios, mas quando há respeito, confiança e diálogo fica mais fácil resolver as possíveis desavenças”.

Viviane afirma que além de confiança e respeito também é importante que cada um realize atividades separadas como, por exemplo, a prática de esportes, encontros com amigos ou cursos. Isso ajuda a manter a individualidade e o interesse de um pelo outro.

Para quem consegue equilibrar sociedade e casamento, Viviane garante que a recompensa vem em dobro. “Se a parceria dá certo, o casal se torna mais unido e feliz por conseguir construir uma história de aprendizado e crescimento juntos”. Ronaldo concorda com ela. “Quando olho para trás não me arrependo em nenhum minuto por ter proposto a sociedade à Cláudia. Sem ela acho que jamais teria chegado onde estou”.

Ciúmes: Independente de trabalharem juntos ou não é importante que haja confiança. Não é saudável controlar os passos do parceiro e nem ficar olhando feio enquanto ele conversa com algum funcionário ou cliente.

Diferenças de opinião: Tente sempre dialogar. Seja diplomático ao fazer críticas. Não é só porque existe intimidade que é permitido ser ríspido. Ao se sentir julgado, o outro provavelmente adotará uma posição defensiva.

Parcerias Promissoras: Casais que se respeitam, que sabem conversar e não levam as divergências no trabalho para o lado pessoal, são os que têm mais chances de montar uma sociedade duradoura.

Competição: Tenha sempre em mente que vocês não são adversários. Caminhar lado a lado é a melhor maneira de atingir o sucesso. Cada um tem qualificações próprias que, se desenvolvidas, podem enriquecer a parceria.

Limites: O casal que deseja trabalhar junto deve impor limites ao trabalho. Tente fazer outras atividades junto com o parceiro que não sejam referentes à empresa, como namorar, viajar e ir ao cinema.

Por: Ana Cristina Dib (PEGN On line)

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