segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Para Nobel de Economia, câmbio no Brasil não faz sentido

Professor Paul Krugman diz que há avaliação exagerada no País por parte de investidores internacionais

Por: Ricardo Leopoldo - Agência Estado

O prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, professor da Princeton University nos EUA, afirmou que o atual nível de câmbio do Brasil "é um problema real e, se for mantido no atual patamar - por um prazo duradouro -, pode prejudicar a economia nacional, especialmente gerando efeitos negativos sobre as exportações e o agravamento do déficit das contas correntes". "O patamar atual do câmbio é semelhante ao registrado no início de 2008, quando os preços das commodities estavam muito elevados. Isso não é saudável", ressaltou.

Embora Krugman não tenha defendido de forma peremptória que o governo adote medidas específicas para coibir a valorização do real ante o dólar norte-americano, o intelectual afirmou que dois caminhos poderão ajudar a coibir a apreciação excessiva do câmbio. Um deles é a adoção de impostos sobre capitais que ingressam no País, o que o governo passou a fazer recentemente com a implementação da alíquota de 2% de IOF sobre o ingresso de investimentos estrangeiros em ações e títulos de governo brasileiro.

A outra alternativa, segundo ele, é a compra de reservas cambiais, movimento que deve ser mantido pelo Banco Central (BC) no curto prazo, como manifestou seu presidente, Henrique Meirelles. Em agosto de 2008, a poupança externa atingiu US$ 205 bilhões. Atualmente, o montante está próximo a US$ 237 bilhões.

Krugman ressaltou que o atual fluxo de capitais para o País é "uma bolha", mas não manifestou se ela vai estourar nos próximos meses. Na sua avaliação, o ingresso maciço de recursos no País é fruto de uma avaliação exagerada de investidores internacionais, pois, segundo o acadêmico, "o Brasil não será superpotência amanhã, mas o mercado já precifica isso".

O acadêmico disse ainda que o otimismo excessivo dos investidores em relação ao futuro do Brasil não é tão positivo no curto prazo, pois tende a estimular o ingresso de investimentos e valorizar ainda mais o câmbio. Ele destacou, em tom de brincadeira, que talvez as autoridades do governo não deveriam dizer que a situação do País é bastante favorável, a fim de reduzir a avaliação muito favorável dos investidores sobre a economia brasileira. Krugman afirmou que uma parte de sua poupança está aplicada em títulos do Brasil, mas não soube discriminar quais eram, pois fazem parte de um fundo de investimentos.

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