terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Internet e a economia do conhecimento

Você pode não ter percebido, mas estamos vivendo uma revolução silenciosa. Na sociedade contemporânea, uma economia dinâmica se molda diante da informação e do conhecimento

Um país que planeja se firmar como uma potência mundial e abraçar o desenvolvimento precisa enxergar longe e investir alto. É consenso que estamos diante da chamada ``economia do conhecimento``, onde cada vez mais "tempo é dinheiro" e o acesso à informação é encarado como um instrumento de trabalho valioso e necessário. E aqui & sem lamentação - não cabe esperar o alinhamento de um desarranjo histórico do que deixou de ser investido em educação, por exemplo. É preciso dar um salto, pular etapas para acelerar a entrada da população na Sociedade da Informação. O caminho passa pela universalização do acesso à Internet.

O cientista Mauro Oliveira, doutor em Tecnologia da Informação (TI) pela Universidade Paris, é um dos entusiastas da universalização da Internet. Para Oliveira, é atrasado pensar que, por não ter conseguido universalizar a educação com qualidade, o Brasil deva esperar para universalizar. ``Lembro que em 84 eu quis colocar computadores no Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará) igual vi na Argentina. Na época muitos professores disseram -como um abestado quer colocar computador se falta giz-. Só que esse processo não é linear. Se não cuidar da universalização da Internet as classes pobres serão sempre atrasadas. Defendo que a linearidade não pode ser usada na inclusão digital``, diz Oliveira complementando que a universalização, ao garantir Internet nas escolas públicas pode inclusive compensar o atraso na educação. "O fato de democratizar o acesso não resolve todos os problemas da educação, mas pode ser a infraestrutura em uma política que facilite resolver o problema``.

Oliveira entende a universalização da Internet como parte de um processo democrático e de inclusão social. ``É impossível um estado democrático em pleno século 21 sem a universalização da Internet mesmo que isso não resolva todos os problemas. A banda larga é o oxigênio. Tem que ter mesmo que em um primeiro momento não resolva tudo``, avalia Oliveira.

Entenda a Internet aqui como um meio capaz de beneficiar a vida cotidiana de várias formas, seja fornecendo informações aos serviços de saúde e educação, ao comércio ou lazer, seja facilitando a comunicação entre as pessoas, com um custo menor. É um meio extremamente atrelado à economia, onde já se percebe a mudança nos hábitos de empresários e consumidores, com reflexo direto na produtividade e competitividade das empresas.

Os desafios
O advogado especializado na área de Tecnologia da Informação e mestre em Informática Jurídica e Direito da Informática, Cristiano Therrien, chama a atenção para os desafios que governos (municipais, estaduais e federal) têm ao planejar a universalização da Internet. Ele cita primeiro o desafio cultural. ``O desafio é entender o que quer se dizer com universalização da Internet, cidades digitais, banda larga para população. Pois são muitos conceitos e percepções diferentes desses temas``, pontua Therrien.

Therrien destaca ainda o desafio técnico da universalização. ``O desafio técnico é optar por um dos vários modelos diferentes de conectividade diferentes que estão disponíveis no mercado, cada um com várias vantagens e desvantagens. As incertezas ou dificuldades de definir um modelo único ou uma combinação de tecnologias, tem postergado a implementação de projetos de universalização de acesso nas grandes cidades", explica o advogado, que também é assessor TI da Prefeitura de Fortaleza. "Estamos avançando no campo projeto", contextualiza Therrien sobre a tentativa de universalizar a Internet em Fortaleza.

Outro desafio apontado é administrativo. A dificuldade, por exemplo, é estabelecer as instâncias de governo responsáveis por inclusão digital e conectividade social, estabelecer orçamentos adequados e realistas para estas áreas relativamente recentes de ação pública e os limites dos que devem ser as ações de governo e o que deve e pode ser realizado pelo setor privado.

Por último, Therrien cita o desafio financeiro consequência dos colocador anteriormente.``É entender e definir a relação custo/benefício de uma rede de banda larga para a conjunto da sociedade, com as devidas diferenciações que são necessárias fazer neste tipo de iniciativa, pois se quer beneficiar sobretudo as camadas da população mais digitalmente excluídas``, finaliza.

Por: Dalviane Pires - Caderno Negócios Jornal O Povo

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