domingo, 20 de dezembro de 2009

Lucro de bancos pesa mais nos juros

IMPACTO RECORDE

Segundo o Banco Central, quase 70% da taxa média de juros praticada pelos bancos é composta pelo "spread"

O peso dos impostos e do lucro dos bancos sobre as taxas de juros atingiu em 2008 o maior nível da década, de acordo com estudo divulgado, ontem, pelo Banco Central (BC). O "Relatório de Economia Bancária e Crédito" mostra ainda que a inadimplência dos consumidores, apontada muitas vezes como a "vilã" dos juros altos, perdeu espaço nessa conta nos últimos dois anos.

De acordo com o Banco Central, quase 70% da taxa média de juros praticada pelos bancos é composta pelo chamado "spread" bancário, que é a diferença entre o juro que a instituição financeira cobra dos seus clientes e o que paga para captar o dinheiro.

No ano passado, a crise financeira provocou uma elevação desse custo, que subiu 40% e atingiu o maior nível no período 2001-2008. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que não vai se pronunciar até analisar os dados do relatório. O principal componente dessa conta ainda é a inadimplência, cuja participação subiu no ano passado, mas ainda está abaixo da verificada há dois anos. Hoje, ela responde por 33,6% do "spread". Mas os componentes que também subiram e estão no maior nível verificado nos últimos oito anos são o lucro dos bancos, que representam quase 30% do "spread", e os tributos e encargos, com participação de 23%. Outros fatores, como custos administrativos e de direcionamento obrigatório do dinheiro dos bancos, perderam importância nessas contas.

O Banco Central assume também a sua responsabilidade sobre o aumento dos juros aos tomadores no ano passado, período em que a taxa básica (Selic) foi elevada até as vésperas da quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro. Aumento que, aliás, chegou a ameaçar a permanência da atual diretoria do BC no cargo, devido às pressões do governo.

"A evolução do custo médio das operações no âmbito do crédito referencial refletiu a ampliação das incertezas e da aversão ao risco, consubstanciada na elevação do "spread´ bancário, bem como a elevação da taxa Selic", diz a instituição.

As pesquisas mensais do BC mostram que já houve um recuo das taxas de juros e dos "spreads" no segundo semestre de 2009, devido à normalização do mercado de crédito verificada após o momento mais agudo da crise financeira.

Fonte: Caderno Negócios Diário do Nordeste

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