sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Carros flex revivem o Pró-Álcool

Programa fracassou nos anos 1980, mas o surgimento de carros bicombustíveis renovou a força do álcool como combustível que move o país

Quando o mundo enfrentava grave crise econômica em 1973 por causa do forte aumento do preço do petróleo no mercado internacional, gerando inflação e desemprego em economias ricas e pobres, o Brasil apostou na substituição em larga escala da gasolina pelo álcool como principal combustível dos carros que circulavam no país. Esse foi o principal objetivo do Pró-Álcool ou Programa Nacional do Álcool, idealizado pelo físico José Walter Bautista Vidal e pelo engenheiro Urbano Ernesto Stumpf e lançado pelo governo brasileiro em 1975.

Na época em que encher o tanque de gasolina custava uma fortuna e o preço do açúcar estava muito baixo, a solução de usar a cana-de-açúcar para produzir álcool para abastecer os veículos foi considerada uma grande, e rentável, sacada do governo. Em 1976, a produção era de 600 milhões de litros; em 1987, chegou a 12,3 bilhões de litros. Com financiamento público, donos de usinas de cana encontraram uma forma de enriquecer produzindo o novo combustível e as montadoras se apressaram para reformular os carros a gasolina e fabricar carros movidos a álcool. O primeiro foi o Fiat 147, em 1978. A aprovação foi total. Mais de 10 milhões de carros a álcool foram fabricados até 1986.

Mas governo não se preparou para dar continuidade ao Pró-Álcool num cenário econômico sem crise. Quando o preço do petróleo começou a cair e o do açúcar a subir, o programa entrou em crise. Mesmo subsidiados com dinheiro público, usineiros preferiram produzir açúcar e o álcool combustível começou a desaparecer das bombas dos postos brasileiros, chegando ao ponto de custar mais caro que a gasolina em 1987. Os donos de carros a álcool ficaram sem opções e a indústria automotiva interrompeu a produção de veículos movidos pelo combustível. Era decretada a falência do Pró-Álcool.

O álcool só voltou a mover os carros brasileiros em larga escala com o desenvolvimento da tecnologia flex-fuel ou bicombustível, que faz um motor funcionar com álcool ou gasolina, à escolha do motorista. Os primeiros carros flex fora fabricados nos Estados Unidos, como resposta a uma cobrança a indústria automobilística de fabricar veículos menos poluentes.

O Brasil decidiu adotar a tecnologia e hoje lidera produção e vendas de carros flex no mundo. Em 2008, foram quase 2 milhões de carros fabricados no país, um dado que renova a força do álcool como como combustível que move o país.

Fonte: R7

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