sexta-feira, 13 de agosto de 2010

“Inovar não significa lançar produtos perfeitos”, diz Guy Kawasaki

Na opinião do especialista em inovação, as empresas devem se aventurar em novos produtos e serviços, mesmo que não estejam em sua qualidade plena. Para atingir esse estágio, as companhias devem pedir ajuda aos consumidores.

Por Viviane Maia

Qual empresa teria coragem de lançar um produto mesmo que não esteja em sua perfeição ou em um estágio de qualidade plena? Para Guy Kawasaki, um dos influentes especialistas do mundo digital e investidor norte-americano, as empresas vivem a “ditadura” do produto perfeito, o que acaba reprimindo a inovação.

“Não vejo como um problema lançar um produto ou serviço que não esteja acabado. Muito pelo contrário. Acho que este é o caminho para estimular seus consumidores a ajudar a melhorar este produto”, afirma Kawasaki.

O especialista em inovação está de passagem pela segunda vez no Brasil, onde participou do lançamento do projeto Life´s Good Lab, da LG, uma plataforma da empresa para comunicação com os consumidores via Facebook. Para ele, o fato de lançar um produto mesmo “beta” pode significar uma mudança no mercado e motivar os consumidores a querer saber mais sobre essa novidade e instigá-lo a participar dessa inovação. “A inteligência coletiva é fundamental na dinâmica global dos negócios nos dias de hoje”.

Estimular a ajuda de pessoas de fora da empresa no desenvolvimento de um novo produto ou novo modelo de negócio, segundo Kawasaki, pode beneficiar os dois lados: o cliente, que conta com um produto próximo às suas necessidades; e a empresa, que consegue satisfazer seu público-alvo. “Nem sempre o mercado aceita um produto de forma planejada. Com a ajuda do consumidor, o produto pode se moldar de acordo com as demandas do mercado”. Mas, ele ressalta que essa interação não pode ser feita de uma forma gratuita. “Não há almoço grátis. É fundamental dar prêmios às pessoas. Só desta forma, elas se comprometem em participar”.

Kawasaki explica que a premiação não deve ser apenas em dinheiro. Os consumidores, segundo o especialista, podem ganhar produtos customizados ou promoções.

A biografia deste havaiano, de 55 anos, é marcada por duas passagens pela Apple, sendo que a primeira na época em que o Macintosh foi lançado (entre 1983 e 1987). Ele atuou como evangelizador da plataforma. Em 1995, Kawazaki voltou à companhia de Steve Jobs para ser o catequisador de inovação na empresa. “A Apple conseguiu se reinventar ao identificar que inovação é um salto quântico, não uma simples curva”.

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