quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade desafia empresas

Grande produtor agrícola de alimentos e etanol, Brasil é um dos protagonistas deste novo cenário.

Por *Elisa Campos, de Nova Lima

Entre os muitos desafios que as empresas terão que enfrentar nas próximas décadas, um dos principais será encontrar o equilíbrio necessário entre o crescimento e o respeito ao meio ambiente e aos aspectos sociais envolvidos em suas operações. No Brasil, o setor agrícola é um dos que estará no centro deste debate. Segundo relatório conjunto da FAO e da OCDE, o país irá aumentar sua produção agrícola em 40% até 2019, na comparação com o período entre 2007 e 2009, o maior crescimento global, contribuindo para a elevação necessária de 70% da produção mundial de alimentos para atender às necessidades da humanidade até 2050.

“Teremos que aumentar nossa produção de grãos para comida e energia sem prejudicar a natureza. E nós somos capazes disso. Nos últimos 20 anos, o Brasil viu sua produção de grãos crescer 154%, enquanto sua área cultivada aumentou apenas 25%. Isso que se chama tecnologia”, afirmou Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, em conferência internacional promovida pela Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, Minas Gerais.

Além de alimentos, o Brasil é um grande produtor de etanol, considerado um combustível verde com grande potencial de crescimento. “Países com imensas populações como China e Índia só agora começam a assistir a um crescimento na compra de carros, o que será intensificado daqui para frente”, disse Rodrigues. “Isso nos dá a oportunidade de reconstruir a geopolítica mundial.

E a nova geografia do poder global passa definitivamente pelos países emergentes. “O continente africano tem hoje 40% dos recursos naturais do mundo e apenas 15% da população. “Quem ainda não está na África, terá que ir para lá”, afirmou no evento Mark Cutifani, CEO da mineradora sul-africana AngloGold Ashanti.

Em sua ascensão, os países subdesenvolvidos, além de se preocupar com o meio ambiente, também terão que saber distribuir a nova riqueza alcançada. “Muitas vezes a população desses países não aproveita os benefícios do crescimento. Esse dinheiro precisa também ser investido nela”, disse Cutifani. “Quem soube fazer isso conseguiu crescer”.

Liderança
Essencial em tempos desafiadores como esses, está a figura do líder. Personagem principal das empresas, ela ganhará cada vez mais relevância. “Atualmente, um ponto chave para o líder é a capacidade de aprender cada vez mais rápido”, afirmou Sérgio Foguel, membro do Conselho de Administração da Odebrecht. “É preciso que ele tenha também confiança em seu potencial e desejo de progredir”.

“Para ser um líder no mundo de hoje, é preciso querer ser protagonista e entender a importância de se discutir certos valores”, disse Cutifani. Dando uma apimentada na receita, Roberto Rodrigues dá seu conselho. “É preciso amor. É necessário se apaixonar pelo trabalho, saber exatamente o que fazer como profissional e ter sorte. Essa é a receita do sucesso”. Fácil?

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