sexta-feira, 30 de julho de 2010

O fim das ilhas nos negócios

Estudo de Harvard diz que a maioria das empresas não consegue mais competir sozinha.

Um amplo estudo produzido pela Universidade de Harvard tornou-se recentemente uma das principais peças em defesa do trabalho colaborativo. O relatório, intitulado Shift Index, ou Índice de Mudança, mostra como o isolamento das companhias está corroendo seu valor e sua capacidade de gerar riqueza. Segundo os estudiosos de Harvard, entre 1965 e 2005, a taxa de retorno sobre o ativo das empresas norte-americanas sofreu uma erosão de 75%. O abismo entre vencedores e perdedores no mercado americano também se aprofundou nessas quatro décadas, dobrando de tamanho.

Um dos fatores principais para esse processo é que um número cada vez menor de companhias tem conseguido vencer a competição, inovando e criando patentes que deem uma vantagem duradoura. Em um mercado em que a capacidade de pesquisa e a troca de informações está se ampliando rapidamente, são poucas as descobertas difíceis de copiar ou suplantar em um espaço de tempo relativamente curto. Isso significa que a situação confortável de capitalizar sobre invenções por um longo período está desaparecendo em muitos casos. Segundo o Shift Index, a intensidade da competição na economia americana dobrou nos últimos 40 anos.

Baseado nessas descobertas, um grupo de especialistas escreveu o livro The Power of Pull (“O poder da atração”, em tradução livre). Na obra, John Hagel, John Seely Brown e Lang Davison afirmam que está ocorrendo uma mudança na fonte de criação de valor de mercado, e que a melhor saída para empresas competirem é colaborar. “A fonte de criação de valor está em participar de diversos fluxos de conhecimento e inovação”, conclui o trio em seu relatório.

Teórico demais? Um exemplo: na indústria farmacêutica, o laboratório Eli Lilly deu-se conta de que não valia mais a pena jogar sozinho porque simplesmente não estava conseguindo acompanhar o ritmo de desenvolvimento promovido por laboratórios e pesquisadores pelo mundo. O laboratório decidiu criar um programa de parcerias externas no desenvolvimento de drogas para combater mal de Alzheimer, câncer, diabetes e osteoporose. É uma parceria que traz benefícios ao laboratório e aos parceiros. “Todos os anos, pesquisadores em universidades e centros de pesquisa desenvolvem compostos cujo potencial nunca é plenamente avaliado. Queremos mudar isso”, diz Alan D. Palkowitz, presidente de pesquisa e tecnologia do Eli Lilly.

Neste processo, pesquisadores submetem confidencialmente a estrutura dos seus compostos. Os custos do processo correm por conta da companhia. Se algo for efetivamente desenvolvido, o Eli Lilly negocia com os pesquisadores e instituições externas o licenciamento das drogas. “Cada vez mais a inovação depende de redes [networks] fora dos muros da empresa”, diz Palkowitz. Na opinião dos especialistas, colaborar pode ser inclusive uma solução para rivais. Eles acreditam que a união entre empresas líderes pode promover a capacidade de elas voltarem a gerar inovações que sejam difíceis de bater e consigam assim reverter o processo de perda de valor pelo qual têm passado.

Por Edição Edson Porto com Álvaro Oppermann

Um comentário:

myoffice@myoffice.com.br disse...

Interessante este estudo!

Ótimo blog e te sigo!

Abç