quinta-feira, 22 de abril de 2010

Já escolheu seu sucessor?

Investir em um plano de sucessão está entre as cinco principais prioridades das empresas para os próximos três anos.

Por Jairo Okret e Rodrigo Araújo


Chega um momento na carreira de um executivo em que o seu horizonte desejado de atuação pode não ser mais o mesmo da empresa em que ele atua. Se a companhia ainda não possui um plano sucessório que irá suportar a compatibilização destas duas ambições, está na hora de iniciar a preparação. Tão importante é este tema para executivos e companhias que investir em um plano de sucessão está entre as cinco principais prioridades das empresas para os próximos três anos, segundo constatou estudo recente conduzido pela Korn Ferry, o CEO Vision Revisited.

Neste cenário algumas das habilidades mais desejadas nos executivos que irão reger este processo – criatividade e inovação – refletem também a preocupação com a complexidade dos desafios dos negócios tanto atualmente como para um futuro próximo. Os profissionais e as empresas precisam se preocupar com seu desenvolvimento, pois, segundo o mesmo estudo, de cada cinco líderes ouvidos, um considera que há carência de maturidade/experiência em suas equipes. Prepará-los é, portanto, fundamental.

Mas antes de preparar um executivo, é preciso encontrá-lo. E onde estão os talentos/sucessores? Os líderes precisam ter um envolvimento pessoal no planejamento da sucessão para que ela ocorra apropriadamente. Isto significa abrir espaço para preparar profissionais que estejam na mesma organização ou para investigar no mercado. Este movimento que, em geral, acontece de cima pra baixo – liderado por executivos decisores – precisa acontecer também de baixo para cima - envolvendo também os talentos mais novos, que acabam de chegar à companhia.

Se todos os líderes tiverem a preocupação de olhar, entender, identificar onde estão os bons profissionais, como melhor prepará-los, e investir num trabalho consistente e regular, as opções irão “borbulhar”. E a escolha poderá ser muito mais rica. Abarcando inclusive novas opções para compor o comitê executivo.

O planejamento no treinamento e preparo do profissional deve acontecer com todo o cuidado, pois dificilmente um talento está totalmente pronto, perfeito em todas as dimensões. O executivo, em geral, precisa ganhar novos ingredientes, desenvolver habilidades e novas competências. Seja atuando em uma nova área, seja proporcionando uma vivência internacional. Esta fase é imprescindível para o momento de assumir novas responsabilidade e posições.

A condução de um plano sucessório também não pode ser vista como um risco para a própria posição. Quando o executivo toma conta do seu próprio plano de sucessão ele estará ao mesmo tempo garantindo a mudança que muitas vezes já se faz necessária. Afinal, ele mesmo normalmente já possui uma idéia (ou planos e desejos) do que irá fazer quando for sucedido. A sucessão deve ser parte natural da ordem das empresas. Isso acontece porque todo profissional tem um ciclo, que pode variar em duração dependendo do executivo, cargo, indústria, cultura da empresa e conjuntura. E chega um momento em que é preciso se preparar para o próximo.

O mesmo estudo da Korn Ferry comprova esta visão, pois os executivos parecem sempre vislumbrar o passo seguinte da sua carreira ou da sua vida. Enquanto 27% querem migrar sua atuação para um Conselho Administrativo, outros 26% possuem expectativa de continuar em posições executivas e mudar de setor – Educação e ONGs, principalmente. Os elementos motivadores nestes casos foram, nesta ordem, a busca de novos desafios e a possibilidade de devolverem à sociedade um pouco do que receberam e conquistaram. A evolução nestes números é representativa, no mesmo estudo realizado em 2003 apenas 10% manifestaram a vontade de fazer algo diferente de suas atribuições do momento.

Podemos assim perceber que sucessores e sucedidos se tornam faces da mesma moeda que gira e move as corporações e as vidas dos executivos. O preparo antecipado, imprescindível para encarar uma nova realidade com mais segurança, reflete apenas um anseio que atinge qualquer executivo. E todas as corporações.

Por: Época Negócios

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