domingo, 11 de setembro de 2011

Sete perguntas que você deve fazer antes da sua empresa crescer

Empreendedor deve profissionalizar a gestão para a expandir os negócio.

De repente as longas horas de trabalho não são suficientes para o empreendedor dar conta de tudo e os funcionários começam a ter que tomar decisões por ele, em um ritmo cada vez mais rápido. A administração fica complexa e o conhecimento técnico do empresário já não é suficiente para comandar a empresa. Sinais de que o negócio cresceu e caminha para outro estágio.

Nem todo empreendedor, porém, consegue lidar bem com esse processo. Tomar consciência de que necessário abrir mão do controle total da empresa e profissionalizar a gestão, lidar com o aumento da carga tributária que cresce junto com o faturamento e a necessidade de estabelecer regras e padrões pode ser um processo complexo para quem estava acostumado a focar apenas nas vendas. Há até quem escolha manter a empresa pequena para evitar as dores do crescimento. Mas como saber se é mesmo hora de crescer?
 
Conversamos com especialistas e empreendedores que passaram por esses processo e listamos abaixo sete perguntas que você deve ser fazer antes de investir na expansão da sua empresa.
 
1. Qual o seu objetivo, ter uma empresa grande e cada vez mais profissional ou algo pequeno e que possa ser controlado totalmente por você?
Ter clareza da meta da empresa ajuda a definir os próximos passos da gestão. A gerente da Endeavor, Letícia Queiroz, no entanto, alerta que um negócio que se mantém sempre no mesmo estágio precisa inovar frequentemente para não correr o risco de sucumbir diante da concorrência. “Ficar estagnado é muito ruim, porque implica em não ter inovação, o que pode fazer a empresa sumir”, diz.

2. Qual o seu alvo? Você espera atingir uma região grande ou pequena com o seu negócio?
A pergunta já indica ao empreendedor se um negócio precisa ou não expandir para atingir o seu objetivo. Se sim, é hora de considerar as mudanças que isso vai trazer. “A expansão exige que o empresário agregue outras competências à empresa que normalmente ele não tem”, diz Letícia. Isso porque o empreendedor costuma ter foco nas vendas, enquanto para crescer, a empresa precisa de controles mais rígidos.

3. Você está pronto para delegar a administração da empresa para outras pessoas?
Esse é o ponto crucial do processo de expansão. Para ter controles mais rígidos, o empreendedor precisa contratar especialistas para cuidar de outras áreas da empresa, já que ele não terá habilidade nem tempo suficientes para controlar tudo. Segundo o consultor do Sebrae -SP, Reinaldo Messias, o empresário tem que se preparar para tomar decisões mais estratégicas do que operacionais. “Nesse momento de ascensão podem aparecer problemas que quanto antes corrigidos, vão fazer a empresa crescer para outro patamar mais rápido”, diz.

4. Você está preparado para lidar com os custos da expansão?
A empresária Lourdes Bottura, de 57 anos, abriu em 2001 o restaurante Badebeque, em São Paulo. Quando inaugurou mais uma unidade em um shopping da capital, surgiu a oportunidade de a empresa crescer mais rápido do que o planejado, o que abriu espaço não só para novas unidades, como exigiu que ela adaptasse seu plano de negócios e o caixa à velocidade dos acontecimentos. Para abrir cada uma das cinco unidades hoje existentes, Lourdes estima ter feito um investimento de cerca de R$ 1,5 milhão. “Fui fazendo conforme conseguia com recursos próprios”, diz.

A empresária enfrentou desafios como o alto custo da mão de obra, o aumento dos custos fixos e a redução da margem de lucro. “Tivemos que controlar muito os custos e passamos um bom tempo sem fazer retirada alguma”, conta. O resultado é que hoje o Grupo Badebeque detém cinco empresas, que inclui também o restaurante Babiló e um buffet, que faturam cerca de R$ 12 milhões por ano. “É importante ter certeza que os controles financeiros estão em ordem antes de planejar o crescimento”, diz Letícia, da Endeavor.

5. Há um futuro brilhante para o seu negócio?
Em 2002, os irmãos Marcus e Alexandre Hadade se viram diante de um dilema. Sua gráfica, a Arizona, começou a perder espaço para outras empresas, o que os fez perceber que era preciso mudar o ramo de atuação para sobreviver. Eles identificaram que o cuidado que tinham na pré-impressão era um diferencial e criaram um plataforma inovadora de gestão de arquivos para ser usada pelo departamento de marketing das empresas. Assim, viram o negócio crescer rapidamente e o faturamento subir de R$ 16 milhões em 2004 para R$47 milhões em 2010. “É essencial que o empreendedor se pergunte o tempo todo se sua empresa vai ter um futuro brilhante. Se a resposta não for um sim convincente, é hora de ele repensar o seu diferencial competitivo, porque o mercado é cruel”, diz o diretor da empresa, Guilherme Bruno.

6. É a sua empresa que está crescendo ou seu segmento como um todo?
Segundo Reinaldo Messias, consultor do Sebrae, investir no crescimento é mais seguro quando o setor no qual o empresário atua cresce como um todo. “Quando a situação favorece só um negócio, pode ser que não exista sustentabilidade para a empresa crescer e, sim, ser uma demanda pontual”, diz. Já na situação contrária, quando o empreendedor percebe o crescimento do seu segmento, as chances de que a empresa perca espaço para a concorrência são grandes.

7. É possível reaproveitar as pessoas na nova fase da empresa?
O segundo desafio enfrentado pelos sócios da gráfica Arizona foi lidar com a mão de obra. Com a mudança do ramo de atuação e crescimento da empresa, eles perceberam que nem todos os funcionários antigos tinham perfil para atuar no novo negócio. “Isso nos fez manter a gráfica até 2007, quando ela foi comprada por outra companhia que manteve parte dos funcionários”, conta Bruno. O consultor Messias, do Sebrae, diz que quanto mais a empresa cresce, mais importante é que a mão de obra esteja preparada para assumir novos desafios e até mesmo novas posições dentro do negócio. Preparar pessoas para assumir posições de liderança, estimular a capacitação e identificar talentos são ações que ajudam o empreendedor a ter mais segurança durante a expansão.
 
Por: Lígia Aguilhar - Estadão PME

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