terça-feira, 13 de setembro de 2011

De garçom a presidente da rede Fogo de Chão

Jandir Dalberto, que assumiu o comando em agosto, após compra pelo GP

Para muitos gremistas, a vitória do tricolor gaúcho na Copa do Brasil de 89 pode ter ficado para trás. Mas Jandir Dalberto, presidente da rede de churrascarias Fogo de Chão no Brasil, ainda tem muito o que comemorar. O desempenho do time naquele ano mudou seu destino.

Então com 21 anos, Dalberto morava em Santo Antônio de Sudoeste (PR), cidade que faz fronteira com a Argentina e hoje tem 19 mil habitantes. Foi ao ganhar uma aposta de que seu time iria para a final que recebeu do pai, torcedor do Internacional, uma viagem ao Rio para ver o jogo. Era para ser uma estada rápida, mas o jovem aceitou um emprego de garçom numa churrascaria e nunca mais voltou para morar com a família, que plantava soja e produzia leite.

Após trabalhar em concorrentes, chegou em 1990 a São Paulo e à Fogo de Chão, fundada em 1979 pelos irmãos gaúchos Jair e Arri Coser e Jorge e Aleixo Ongaratto. Em 14 meses virou gerente. Era diretor de operações até agosto, quando assumiu a presidência da empresa no Brasil, com sete unidades. Nos Estados Unidos, são 16 com duas outras a caminho.

Dalberto chegou à presidência quando a GP Investments - que já tinha 35% da rede - adquiriu os 65% do negócio que pertenciam aos irmãos Coser, por US$ 200 milhões. O diretor, com 22 anos de casa, foi pego de surpresa e temeu ser retirado do cargo. "Acabou que fui valorizado". O GP não colocou, até agora, nenhum gestor na empresa.

A churrascaria, que faturou R$ 170 milhões em 2010, rema na contramão de muitas empresas, que estão focando o Brasil. O plano é abrir de duas a três unidades ao ano nos EUA e apenas uma ao ano no mercado brasileiro. A operação nacional cresceu 9% no primeiro semestre; e a americana, 7%, em relação a igual período de 2010. "Aqui não temos tantas cidades que comportam uma Fogo de Chão", diz Dalberto. A candidata deve ter pelo menos 2,5 bilhões de habitantes e uma renda alta. Por enquanto, ele estima que o país suporte apenas mais seis unidades, enquanto os EUA têm capacidade para mais 25. "Lá quase não há concorrência e o sistema de rodízio é uma coisa nova em muitas cidades".

No Brasil, a rede inaugurou em julho sua primeira unidade no Rio de Janeiro, no aterro do Flamengo, e está procurando locação para abrir outra na mesma cidade e a quarta em São Paulo.

A rede está investindo em produtos próprios. "É um sonho antigo da Fogo de Chão". Há três anos, oferece caipirinhas com a cachaça da casa, produzida por um terceiro no Rio Grande do Sul. São consumidos cerca de 100 mil litros ao ano da aguardente, que chegará aos EUA em outubro. O grupo pensa até em ter, no futuro, uma marca de carne.

Em março a empresa também lançou quatro rótulos de vinhos tintos - um malbec argentino (R$ 98), um cabernet sauvignon chileno (R$ 98), um primitivo italiano (R$ 98) e um barolo também da Itália (R$ 185). "Procuramos vinhos que se adaptam bem com as carnes, numa faixa de preço razoável e com uma margem expressiva", explica. "Já saiu 50% da produção e fizemos a segunda compra", acrescenta. A rede, que vende ao todo 10 mil garrafas de vinho ao mês, encomendou 6 mil unidades de cada rótulo. Ao mesmo tempo, retirou da carta o primeiro da marca, depois de um ano de experiência. "Era um blending [mistura de uvas] e nem todo mundo gosta", diz. Dalberto planeja ter seis rótulos próprios. 

Por: Adriana Meyge - Valor Econômico

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