É desnecessário o desembolso, em alguns casos. Basta ter sorte e conseguir trocar todos os livros de casa por outros
O preço continua sendo o maior estímulo para centenas de pais de alunos que preferem livros usados a novos neste período do ano que antecede o início das aulas. Na Praça dos Leões, no Centro de Fortaleza, é possível encontrar uma diferença de até 60% em determinado exemplar em relação ao mesmo livro novo nas livrarias. Em alguns casos, com um pouco de sorte, até o desembolso pode ser desnecessário. Para conseguir isso, basta levar os livros encostados em casa, que foram utilizados em 2009, e trocá-los por outros da lista atual, necessários para este novo ano letivo.
Depois da passagem do Natal e Réveillon, a "feira de troca-troca dos livros" no local começou a ficar mais aquecida. "Acabei comprando na Praça dos Leões livros seminovos e em bom estado por menos da metade do preço praticado pelas livrarias", diz o consumidor Paulo Sérgio.
"O movimento está bom, mas daqui para o fim do mês deve ficar cinco vezes maior", explica o livreiro Sérgio Augusto, que trabalha com livros a partir do 6º ano. Já para Gorete Lopes, livreira que trabalha ao lado de Sérgio, o movimento poderia estar bem melhor.
Conforme Gorete, um livro passa, em média, entre três e cinco anos sem renovar a edição. Porém, para 2010, as editoras modificaram uma grande quantidade de itens. "Acredito que isso esteja dificultando um pouco. A procura está cerca de 30% mais fraca do que a do ano passado. Mesmo assim, acho que o faturamento vai ser bom e deve igualar o de 2009", analisa a comerciante, que trabalha, exclusivamente, com exemplares do ensino fundamental.
De acordo com a Associação dos Defensores dos Livros (ADL), entidade que representa os comerciantes, o mercado vai continuar aquecido entre os dias 10 de janeiro e 10 de fevereiro. "Neste período, há dias que passam por aqui cerca de 10 mil pessoas. Principalmente, na sexta-feira e sábado. Só depois do Carnaval, as vendas começam a diminuir", informa Hozano Lopes, presidente da ADL.
Ele revela que, nos últimos quatro anos, houve uma diminuição no número de associados, apesar do bom retorno financeiro do negócio. "Éramos mais de 100 livreiros. Atualmente, restam 60. Boa parte não está na feira, mas continua perto dela, alugando boxes em prédios comerciais em frente à praça", confirma Hozano.
Ponto alternativo
Há pelo menos três prédios em frente à Praça dos Leões, onde os proprietários reorganizaram o espaço para abrigar 15 boxes cada, com intuito de servir como ponto alternativo paras as vendas. A novidade, nesse caso, é que não são apenas livros usados o principal foco das negociações. Exemplares novos e até material de papelaria podem ser encontrados nesses locais.
"Algumas editoras repassam para gente as novidades", declara a livreira Evaneide Machado, que não se arrepende de ter saído da calçada da Praça dos Leões. A comerciante alugou um ponto dentro da Livraria do Contador, pioneira nessa ação e se diz satisfeita com o resultado.
Segundo ela, muitos preferem procurar os boxes por ser um lugar fixo. "As pessoas sentem mais segurança", afirma.
"No primeiro momento, o espaço era só para guardar os produtos. Servia como estoque mesmo. Mas, tinha o problema de ter de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Resolvi trabalhar aqui dentro e deu certo", declara Evaneide.
Enquete
Preço bom
FERDINAND COSTA
Comerciante
53 anos
A MAIORIA das vezes a diferença de valor é de mais de 50%. No ano passado, comprei um livro por R$ 25 e na loja era R$ 60
CARLOS ANDRÉ
Músico
35 anos
COMPRO aqui 90% dos livros dos meus filhos. É mais fácil e a gente fica mais à vontade. Além disso, a economia pesa bastante
Por: ILO SANTIAGO JR.
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