quarta-feira, 6 de julho de 2011

Após ficar desempregado, ex-preso vira empreendedor no Acre

Josué de Medeiros investe na distribuição de água e gás em Rio Branco.
Empreendedor individual quer, em breve, mudar registro para microempresa.

Por: Gabriela Gasparin (G1 - São Paulo)
Distribuir galões de água foi a forma que Josué Firmino de Medeiros, de 31 anos, encontrou para garantir uma renda mensal no ano passado, depois de viver desde 2008 entre o desemprego e o subemprego em Rio Branco. Ex-presidiário, disse que enfrentou dificuldades para encontrar uma boa colocação no mercado quando deixou a prisão, há cerca de dois anos.

O “quebra-galho”, contudo, deu tão certo que o negócio foi regularizado pela lei do empreendedor individual e, para este ano, a previsão é ultrapassar o teto de R$ 36 mil de faturamento permitido na legislação, o que levará o empresário a tomar o próximo passo: registrar a Distribuidora Kadosh de Água e Gás como uma microempresa.

“O mercado de trabalho era bem difícil quando eu saí do presídio. Cheguei a trabalhar em uma madeireira, mas eu entrava às 6h e pouco não tinha hora para sair. Como eu não podia passar do horário [estabelecido pela condicional, que termina em 2012], que era às 19h, eu tinha muita dificuldade”, explica o empreendedor, que também diz ter trabalhado como servente. Medeiros conta que foi preso por tráfico de drogas ao viajar em companhia de uma namorada que, segundo ele, era traficante. “Ela mexia com entorpecentes e eu não sabia”, diz.

'Vou vender água'A ideia de distribuir água surgiu em uma conversa com a mulher, que até então trabalhava como auxiliar de limpeza em um banco. “Ela falou, ‘vamos montar um negócio para nós’ (...). Eu falei, ‘amor, vou vender água’”, afirma, acrescentando que começou com quatro galões por dia. Hoje, são cerca de cem.

Quando as vendas começaram a aumentar, a esposa de Medeiros, Gyglyanne Silva Nascimento, de 29 anos, deixou o emprego para ajudar no negócio. Ela cuida de toda a parte administrativa, enquanto o marido faz, sozinho, as entregas.

São cerca de 80 viagens por dia e às vezes não sobra tempo sequer para almoçar. “Tem dia que o almoço fica em cima da mesa e ele só vai comer à noite. Eu também não dou conta das ligações. São quatro celulares mais o telefone residencial”, explica Gyglyanne.

A distribuição, que começou com uma “bicicleta velha”, passou a ser realizada com motos. “Em menos de um ano, já troquei de moto umas quatro ou cinco vezes”, revela.

Medeiros afirma que atualmente trabalha com duas motocicletas, uma para cada ocasião. Quando a entrega é grande, leva os galões em uma moto que comporta uma carreta com capacidade para 9 galões. Quando o pedido é menor, a entrega é feita em uma moto mais antiga. “Agora, estou precisando de uma que custa R$ 13 mil, que já dá para levar 20 galões”, revela.

Para encher os galões, o empresário viaja até a cidade vizinha, Senador Guiomard. O galão cheio é vendido a R$ 3,75 e, de acordo com Medeiros, o lucro com a venda de cada unidade é de cerca de R$ 1. A entrega é grátis. A estratégia, segundo ele, é atrair a clientela pelo bom preço e ganhar na quantidade.

GásNo dia 31 de março deste ano, o casal recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para entrar em um novo mercado, a distribuição de botijões gás em Rio Branco. Assim que foi autorizado, Medeiros conta que já começou a distribuir e já tem de 20 a 25 pedidos ao dia. A meta é chegar aos 40. “Foi outra benção que aconteceu para nós”, diz. Cada botijão sai a R$ 43 e, nesse caso, o lucro é de R$ 5 a R$ 6 com a venda unitária.

Como a demanda está crescendo em ritmo acelerado, Medeiros já pensa em contratar um ajudante. Outro objetivo, diz o empresário, é comprar um caminhão, “nem que seja pequeno”, para o transporte dos galões.

Enquanto o marido pensa na logística da distribuição, Gyglyanne cuida dos números. De acordo com ela, já são cerca de 400 clientes cadastrados, entre empresas e famílias. “A gente vende para o pobre e para o rico. Queremos conquistar todas as áreas e classes sociais”, diz.

Ela afirma que a intenção é montar uma segunda unidade da distribuidora, em outro distrito. “O empreendedor tem que ter visão. Ter visão e trabalhar. Porque se tiver só a visão ficar deitado, não acontece nada”, opina a empresária.

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