terça-feira, 14 de abril de 2009
Faça da queda um passo de dança
Fracassos podem surgir na trajetória de um sonhador. O que faz toda a diferença é a forma de lidar com ele. Um respeitado chefe de cozinha francês, Bernard Loiseau, suicidou-se em fevereiro de 2003 pouco depois que o guia gastronômico GaultMillau resolveu tirar 2 pontos de seu principal restaurante, o Côte D’or, em Saulieu, na Borgonha. Vítima de depressão persistente, ele deu cabo da própria vida.
Loiseau podia ter utilizado a avaliação como estímulo para investir no restaurante, melhorar a cozinha ou o atendimento e recuperar os pontos perdidos. Podia ter censurado os críticos gastronômicos, como fez seu amigo Paul Bocuse pouco após sua morte ao dizer que eles “sabem tudo e não são capazes de fazer nada”. Podia ter condenado o sistema de atribuição de pontos ou estrelas dos guias. Podia até ter criado um paradigma: afirmar que a sofisticação neste mundo globalizado está na simplicidade e lançar uma versão particular da nouvelle cuisine. Talvez até abrir uma escola de culinária. Podia ter escrito um livro, iniciando um negócio. Mas permitiu que outras pessoas o julgassem. Não soube transformar a “queda” num passo de dança.
O contrario fez Ana Maria Diniz, a herdeira do grupo Pão de Açúcar. Durante onze anos ela se preparou para assumir a presidência da rede criada pó seu avô, Valentin Diniz, na década de 1940. Quando estava a um passo de ocupar a cadeira do pai, Abílio Diniz perdeu o trono. A família se afastou dos cargos operacionais do grupo e se recolheu ao conselho de administração.
“É como se eu abandonasse um filho que ajudei a ressuscitar no último momento”, disse a uma entrevista realizada em 2003. De fato, Ana foi peça-chave na recuperação da rede. Mergulhou na tarefa de revolucionar a imagem do supermercado, visto como careiro e repleto de falhas de atendimento, enquanto Abílio redesenhava a operação do grupo. Ana não abandonou esse “filho” por livre e espontânea vontade, mas por decisão do pai. Ela pretendia que a saída da família da gestão das empresas ocorresse dentro de alguns anos. O pai queria implementar a mudança quanto antes. Em vez de lamentar o sonho frustrado, Ana lançou-se em novo negócio, uma consultoria de desenvolvimento de recursos humanos que está trazendo dos Estados Unidos. Ela soube fazer da queda um passo de dança.
Fonte: Blog do Líder -Cézar Souza
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário