Na correria do dia a dia temos convivido com um inimigo pouco visível, que corrói as regras básicas do convívio social: a falta de gentileza. A boa educação está cada vez mais banalizada e as pessoas, principalmente os jovens, muitas vezes se envergonham de ser gentis, respeitosas e amáveis com as outras.
Expressões como “Muito obrigado”, “Por favor”, “Com licença” e “Desculpe” estão praticamente banidas do vocabulário das pessoas, que acham que não há tempo para “frescuras”, como costumam classificar as boas maneiras no relacionamento interpessoal.
Cruzar com um desconhecido, ou até mesmo com um colega de trabalho ou um vizinho sem cumprimentá-lo, é algo corriqueiro, pois as pessoas nem percebem a importância de se desejar um “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”. Cumprimentar o motorista e o cobrador ao entrar num ônibus, um zelador de um prédio ou um operador de caixa de um supermercado, faz toda a diferença na forma de como estas pessoas lhes atendem.
Atitudes simples, como abrir uma porta de um restaurante ou de um banco e segurá-la para que um desconhecido entre, é uma cena rara e, quando acontece, não há qualquer tipo de agradecimento. Abrir a porta do carro para uma senhora entrar é “coisa do povo antigo”. Reduzir a velocidade para permitir que um motorista entre numa via pública movimentada, nem pensar. Ninguém nunca tem tempo para “deixar” alguém, que nunca viu antes, passar à frente.
É lamentável que o ser humano esteja perdendo a capacidade de respeitar e preservar as boas regras do convívio social. Tratar mal, respondendo grosseiramente a alguém, é fato tão corriqueiro que as pessoas, na maioria das vezes, nem percebem o quanto foram indelicadas.
Li num jornal de Mossoró (RN) que uma escola daquela cidade está desenvolvendo um projeto, que envolve alunos, funcionários e familiares, para o resgate de atitudes simples como pedir desculpas, agradecer e pedir “Por favor”. Acredito que este é o caminho e que as crianças podem contribuir muito para reverter esta situação de falta de respeito ao próximo.
Mas é preciso contaminar toda a sociedade com o “vírus da gentileza”, como está fazendo uma rede de cinema de um dos shoppings de Natal, que lançou uma campanha concedendo desconto de 50% no ingresso, no ato da compra, ao cliente que der um sorriso ao caixa da bilheteria, neste mês de agosto. Parece pouco, mas o simples gesto de sorrir para alguém já é uma atitude de cortesia.Não podemos perder de vista nossos filhos, que acham que tudo que a gente faz não passa de obrigação de pai e mãe. Temos que ensiná-los a reconhecer o esforço e a agradecer os favores que lhes fazemos no dia a dia, por mais triviais que sejam. Acho que a família é a base de tudo para a construção de bons relacionamentos. Por gentileza, passe esta atitude à diante.
Alberto Coutinho
Jornalista - SEBRAE/RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário