quinta-feira, 3 de julho de 2008

Crescer, sim, mas com cautela!

Antes de abrir filiais ou novos negócios, é essencial formar equipes às quais se delegarão poderes, de modo que cada unidade possa ser gerida com independência.

Um desejo de dez entre dez empresários é expandir o seu negócio. E, dependendo do ramo, só abrindo filiais. A concretização desse sonho, no entanto, não depende só da vontade que o empresário tem de crescer. "Primeiramente é preciso ter um bom controle do fluxo de caixa para definir quando, quanto e como irá crescer", diz o professor Fernando Almeida, coordenador do curso de pós-graduação de monitoramento estratégico competitivo da Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada à FEA/USP.

O empresário José Nilo Biasibetti, por exemplo, diz que só decidiu expandir o seu restaurante depois de muito planejamento. Em 1989 ele abriu o seu primeiro empreendimento, a Vacaria Churrascaria, em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Com estilo popular, a casa começou atendendo caminhoneiros e famílias da região e funcionava em esquema de rodízio. Logo em seguida Biasibetti inaugurou um restaurante anexo ao primeiro, com refeições self-service.

O passo mais ousado do empresário, porém, veio só em 2002, quando ele abriu o Verdanna Grill, restaurante à la carte localizado em Niterói, 30 quilômetros distante das duas primeiras unidades. Voltado para clientes de maior poder aquisitivo, o Verdanna oferece pratos à base de frutos do mar e de carnes. Mas por que em Niterói? Para saber onde deveria abrir a nova unidade e que perfil de público atingiria, o empresário carioca encomendou uma pesquisa.

"Descobri que em Niterói havia demanda por um restaurante mais sofisticado."

Tropa de eliteNos seus três restaurantes, Biasibetti conta com seis funcionários aos quais delega funções de gerência, finanças e compras. O empresário fica em tempo integral no Verdanna e duas vezes por mês visita o Vacaria, onde seu irmão e sócio Félix dá expediente. "Mas diariamente troco e-mails e falo ao telefone com a equipe que fica nos outros endereços para me informar sobre o andamento dos negócios", afirma.

Contar com pessoal estratégico na linha de frente é o caminho ideal para expandir o negócio com sucesso, segundo o consultor Marcelo Cherto, presidente do Grupo Cherto, especialista em ocupação de mercado. "Mas é preciso saber a quem delegar o quê", diz. O próprio Biasibetti admite que teve problemas nessa área antes de acertar a mão. "No começo eu contratava profissionais experientes, com altos salários, para gerenciar meus restaurantes. Mas eles não demonstravam comprometimento e ficavam pouco tempo na empresa", afirma. "Descobri que a saída era formar a própria mão-de-obra, dando oportunidade de crescimento profissional aos funcionários."

Com uma tropa de elite em cada filial fica mais fácil administrar as diferentes unidades independentemente uma da outra, segundo Cherto. "É semelhante ao sistema de franquias e costuma dar bons resultados", diz. Por ter optado por esse caminho, Biasibetti não precisa se preocupar com os estoques dos três restaurantes. Ele escolhe os fornecedores, mas só faz as compras do Verdanna. "As das duas unidades do Vacaria ficam por conta da equipe de lá", diz. O empresário garante que, dessa forma, consegue avaliar os custos e lucros reais de cada loja.
Filial no exteriorIndependência, sim, mas sem que o dono perca o controle global do negócio. A dica é padronizar sempre que possível os produtos e os serviços, o que facilita a administração, qualquer que seja o tamanho da empresa. Quem atua em ramos que consistem na compra e revenda de mercadorias, seja uma loja de presentes, de brinquedos ou de moda, por exemplo, certamente tem mais facilidade para estabelecer padrões, segundo especialistas. "Para quem processa produtos antes de vendê-los, como é o caso de um restaurante, costuma ser mais complicado", diz o professor Almeida, da FIA. Mas não é impossível, segundo Biasibetti. "Criei um sistema de fichas, nas quais são anotadas as matérias-primas, assim como todos os processos de preparação dos pratos, que variam dependendo do restaurante", diz. "Tem dado tão certo que me dou o direito de sonhar grande", afirma o empresário. Ele tem planos de abrir futuramente um restaurante em São Paulo e, quem sabe, outro no exterior. "Sempre usando o mesmo esquema de expansão que tenho adotado até agora."

Wagner Roque
Fonte: Site Pequenas Empresas Grandes Negócios

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