segunda-feira, 4 de abril de 2011

Se você não fez o básico, não vai conseguir inovar

Muito se tem ouvido falar em inovação. As pessoas querem inovar, porque a comunicação padrão não traz mais resultados como antes, porque as marcas que não inovarem estão fadadas a morrer, porque etc., etc., enfim, teorias e mais teorias são escritas e faladas o tempo todo e o tema inovação está na boca dos gestores das marcas. Claro que é preciso inovar. Sempre! Mas vamos pensar do outro lado. Realidade aumentada, vídeos 3D, aplicativos para Facebook, revistas digitais. Esses termos enchem os olhos de qualquer pessoa. Por mais que para alguns essas sejam ações passageiras, do que sinceramente eu discordo, hoje elas chamam bastante a atenção. E conquistar a atenção do consumidor está cada vez mais difícil, do e-consumidor, então, pior ainda. Então a inovação surge mais uma vez como uma forma de arrancar pelo menos um olhar do consumidor. Mas muitas vezes esquecemos que antes de inovar é preciso fazer o mais simples, o mais básico. É preciso fazer o "feijão com arroz" antes de aprender a cozinhar grandes pratos.


Vamos a um rápido exemplo que sempre falo em minhas palestras e aulas. Quando os americanos foram para a Lua, eles precisavam de uma caneta para escrever suas observações. Como a gravidade é zero no espaço, as canetas tradicionais não funcionam, pois a tinta não desce até a ponta. A NASA gastou milhões de dólares para desenvolver uma caneta espacial que pudesse escrever no espaço. A Rússia levou um lápis.


Recentemente estive com um amigo e ele estava me contanto sobre uma empresa que ele está atendendo em sua agência. Como milhares de marcas, ela não está nas redes sociais mas, para 2011, queria entrar e de forma bem atuante. Pois bem, esse meu amigo me disse que essa marca recebe uma quantidade considerável de e-mails e ligações no SAC sobre produtos, onde achar lojas, revendas, assistência técnica, elogios e críticas. Só que a estrutura da empresa não permite que ela atenda a essas demandas. Então, se ela não consegue atender a essas demandas já existentes, como vai interagir com os clientes pelas redes sociais? Quando um usuário segue a marca A, B ou C, ele entende que essa marca vai conversar com ele, ou seja, vai responder às perguntas que ele fizer. Então, é preciso que as marcas primeiro façam a lição de casa, e bem feita, e só depois sigam para as novas mídias, pois quanto mais ela aparecer, mais os consumidores vão querer interagir. Esse é o movimento em que vivemos.


Outro caso: a empresa X decidiu refazer o seu site. Queria colocar descrição dos produtos, queria vender online, queria crescer na web. Muito bom, mas como? A empresa não tinha cultura nenhuma de web, e a diretoria não acreditava no meio. A empresa X é familiar, fatura alto no seu segmento vendendo em lojas multimarcas e não quer mudar o seu modelo de negócios. Adianta o assistente de marketing querer fazer um plano de marketing digital se quem decide não acredita no meio? Faça a lição de casa. Faça com que os decisores entendam que internet é um caminho excelente, que as pessoas buscam a web para consumir e que é um excelente canal de vendas e lucros. Depois, chame uma agência para traçar o planejamento estratégico digital para a sua marca e faça com que esse plano traga os resultados estimados para a diretoria.


Muitas empresas estão entrando nas redes sociais porque é novidade, e novidade anda lado a lado com inovação. Mas nem sempre essa parceria dá certo ou precisa realmente caminhar lado a lado, mas na cabeça de muita gente uma não vive sem a outra. Se você quer entrar nas redes, entre de forma estruturada. Faça a lição de casa. Entenda o perfil da sua equipe, entenda quem tem capacidade de pensar o digital e como vai se entrar. Entrar por entrar, qualquer pessoa faz, mas se o Zezinho se queimar no Twitter é uma coisa, se a Coca-Cola se queima a repercussão é infinitamente maior.


novar é preciso. Mas se estruturar para isso é mais ainda.


Por: Felipe Morais (Via: iMasters)

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