segunda-feira, 30 de junho de 2008

Trainees

Com muita freqüência, atendo empresários que enfrentam dificuldades para gerenciar suas empresas. Muitos alegam que não encontram profissionais qualificados no mercado. Ou, que os funcionários que contratam são de baixo nível e que por isso não podem delegar as tarefas importantes. Todavia, o problema é outro. “O furo é mais embaixo”, como dizem.

Há alguns anos, o SEBRAE criou o Programa de Trainees para selecionar jovens recém-formados para seu quadro técnico e administrativo. O resultado desse programa me deixou surpreso. Foi um sucesso total! A experiência nos deixou algumas lições que com certeza servem para aqueles empresários.

1) A seleção de pessoas é um processo, e como tal deve ter começo, meio, fim. E ainda: estrutura, coerência, metodologia, técnicas, objetivos, premissas, entre outras definições. Ou seja, não basta colocar um anúncio no jornal, ou ligar para aquela agência de empregos, ou, o que é pior ainda, pedir para “fulaninho” indicar um amigo. Uma grande parcela do êxito do Programa de Trainees do SEBRAE se deve à forma e ao cuidado como foi conduzido pelas profissionais do RH da instituição. Em resumo: recrutar e selecionar é coisa pra gente do ramo. Ao empresário compete contratar os candidatos indicados, que obviamente ainda serão submetidos à sua própria avaliação pessoal. Afinal, ninguém contrata uma pessoa com a qual não se identifica.

2) Existem jovens de alto nível no mercado de trabalho de Natal. Moças e rapazes de grande potencial, capacidade técnica, inteligência, bagagem cultural e profissionalismo. A questão, portanto, não é a falta de pessoas habilitadas a exercerem determinadas funções em uma empresa, mas a falta de capacidade e conhecimento para encontrá-las.

3) Outra coisa que dificulta o desenvolvimento de talentos em uma empresa é o perfil centralizador do empresário. Muitos não delegam porque não compreenderam ainda que delegar é desprender, soltar, libertar. É permitir que outra pessoa se torne tão competente na solução de problemas a ponto de se tornar independente. Isso amedronta alguns líderes: o medo de perder o controle, ou de ficar pra trás... Aí entra o próximo item da lista.

4) Confiar: sem confiança não se delega. E confiar é um ato voluntário. Deve ser iniciativa de quem contrata. Um instrutor de pilotos não pode estar metade sentado do lado do aluno e outra metade fora do avião assistindo ao vôo. Confiar é um ato de entrega, é acreditar, é ter fé. A prática comum, infelizmente, ainda é: “eu confio desconfiando”, ou “eu desconfio até que me prove o contrário”. Assim, não há talento que sobreviva. Pois, mesmo sem querer, o empresário vai tolhendo aos poucos o espírito inovador, a ousadia, a coragem, que seus colaboradores precisam para fazer as coisas acontecerem. Aí, o que a gente vai ver é aquele rol de reclamações que já conhecemos e estamos habituados a ouvir.

No SEBRAE a turma jovem está fazendo uma grande diferença. Mesclar uma equipe experiente, com anos de casa e maior vivência nas atividades, com uma turma jovem cheia de energia foi uma fórmula de êxito para a instituição. Muitas vezes eu me pego imaginando como seriam determinadas empresas se alguns desses talentos estivessem à frente da sua administração. Eles fariam verdadeiras revoluções. Melhorariam significativamente os resultados. O empresário, obviamente, teria que dividir com alguém os louros do sucesso. Será que isso é ruim? É preferível, então, perder sozinho a ganhar em equipe? São reflexões que deixo no ar...

O que posso afirmar, com segurança e convicção, é que o mercado de trabalho profissional do Rio Grande do Norte está repleto de pedras preciosas. Os empresários que forem mais competentes na garimpagem e lapidação desses tesouros, terão maiores chances de sobreviver no mercado cada vez mais competitivo e globalizado.

Aos jovens Trainees do SEBRAE eu rendo minha homenagem e admiração. E o meu agradecimento pelo tanto que vocês me ensinam a cada dia. Meus votos de sucesso vão para esses jovens e para todos aqueles empresários que despertarem antes que seja tarde.

Carlos von Sohsten
Consultor – SEBRAE/RN

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Carlos, tudo bem! Acho a sua pesquisa significativa,o empreendedor deve e pode,fazer remanejamentos e demissões, ou aproveitamento daquele funcionário para uma outra área dentro da empresa,dando início a um processo de crescimento , com novas idéias,novas cabeças pensantes , novos saberes, com um talento inovador , levantando bons resultados e revolucionando com êxito uma grande empresa.
Passei por algumas experências em minha vida,como pequena comerciante , de uma loja de bairro,depois um restaurante,funcionária pública e finalmente transportadora escolar,não obtive êxito do início, por não saber administrar,falta de conhecimento, de preparo;hoje estou me preparando para ser uma educadora,estou no último ano de letras desempregada , mas com muita experiência , e tenho 3 pedras preciosas em casa , um brilhante professor de matemática cursando o 5º ano da USP também um talento oculto , não foi descoberto ainda , fala inglês fluentemente , está desempregado,duas lindas filhas uma cursando Administração 4º semestre já esta trabalhando na área ,e a outra terminando o ensino médio , ambos muito inteligente, baseado nestas informações da sua pesquisa, tenho a convicção que o mercado precisa de uma peneira ,para peneirar seus funcionários e lançar a rede e pescar novos saberes. sonia_amoraes@yahoo.com.br