Existem pessoas que vêem oportunidades onde existem oportunidades. Outras vislumbram lances onde a maioria dos mortais jamais conseguiria enxergar nada. Os dois casos me intrigam e fascinam. E às vezes, me irritam: 1) quando percebo que pessoas que estão envolvidas com negócios, e que por conseqüência teriam a obrigação de estar atentas às oportunidades que rondam suas áreas de atuação, simplesmente deixam escapar entre os dedos chances óbvias de engordar os lucros. Ou, o que é pior: 2) quando vejo que pessoas iguais a mim, de carne e osso, criam negócios fabulosos e milionários, da noite para o dia, porque captaram, sentiram, farejaram, acreditaram e empreenderam baseados em um tino ou intuição que eu não tenho a menor idéia de onde vem.
Vejamos exemplos do primeiro caso. Outro dia minha casa foi invadida por baratas. Após várias análises, descobrimos que as invasoras vinham de uma das casas da vizinhança. A residência fora dedetizada. Imediatamente, contratamos uma empresa para fazer serviço semelhante na nossa casa. Outros vizinhos tiveram que agir da mesma maneira. Cada um fez sua própria pesquisa de preço e contratou a empresa de sua preferência. Então fiquei imaginando o dono da empresa que dedetizou a primeira residência reclamando da falta de clientes. Por sua própria incompetência, ele perdera uns dez clientes potenciais, de uma única vez. Por que não oferecer o serviço para as casas vizinhas, com condições vantajosas, alegando os problemas que advirão com a fuga das baratas?
Eu alugo filmes na mesma videolocadora há alguns anos. Nunca recebi um tratamento diferenciado. Jamais me ofereceram filmes da minha preferência. Muitas vezes sequer me notam. Agora, a empresa está para fechar. E por trás do balcão encontra-se um empresário “reclamão”. Padarias, lojas de roupas, cabeleireiros, petshops, oficinas mecânicas, pizzarias, restaurantes, postos de gasolina e outras empresas que costumamos freqüentar com razoável periodicidade, agem da mesma maneira. O desinteresse em se construir uma convivência comercial e o desprezo ao cliente é quase que uma marca registrada. Apesar de tanta tecnologia e conhecimento disponível. É simplesmente impressionante!
No caso do item 2 há tantos exemplos quanto no primeiro. Veja o exemplo do Orkut, site de relacionamento que é a maior febre entre milhões de usuários em todo o mundo. O cara criou um negócio que vale milhões de dólares, em seus momentos de diletantismo. Outro: um estudante de 21 anos (!) resolveu criar um site onde comercializa pequenos quadradinhos por US$ 100. Em menos de quatro meses atingiu sua meta e embolsou a bagatela de um milhão de dólares. A internet parece ser uma mina de ouro, mas há muitos negócios no “mundo real” que estão fazendo a felicidade de seus criadores. Desde carrinhos para vender água de coco, até lava-jatos em shopping centers, passando por ônibus-academia, padarias e cemitério para animais, planos de saúde para terceira idade, e muitos outros negócios inusitados. Até mesmo serviço de compra programada de meias pretas, que já ultrapassa a marca de US$ 2 milhões em faturamento.
Empreendedor que se preza é assim: aproveita o que lhe aparece; ou inventa. Bastou o TRE convocar milhares de eleitores, que precisam substituir seus títulos, para um empreendedor instalar uma prestadora de serviços de plastificação na porta da instituição. Onde houver aglomeração de pessoas, haverá pequenos comerciantes de bebidas, balas, pipocas, lanches, entre outros, oferecendo produtos para vender.
É assim. Oportunidades existem. Oportunidades são criadas. Para pequenos e grandes. Para quem tem muito. Para quem tem pouco. Mas sempre fazendo a alegria de muita gente. Já parou para olhar para aquelas que estão ao seu redor?
Carlos von Sohsten
Consultor - SEBRAE/RN
Um comentário:
Carlos, voce é um gênio. Deixei passar um negócio de gelo, por incompetência do meu marido.
Só que eu troquei de marido e vou retomar o comércio.
Denise
Postar um comentário