Só no final do último século que as preocupações com o meio ambiente tomaram fôlego por parte de líderes mundiais, respaldados por estudos científicos que demonstraram a relação entre problemas ambientais e a ação do Homem. Passados alguns anos, a crise planetária alcança níveis que não eram previstos naquele momento. Os problemas são vários, e em última análise se percebe que são facetas de uma única crise. São problemas sistêmicos, o que significa que estão ligados e interdependentes, um afeta o outro, tornando-o mais ou menos impactante na vida do planeta, e conseqüentemente na nossa.
As mudanças no clima, que interferem diretamente na economia e na sociedade vêm acontecendo em curvas geométricas nos últimos 50 anos. São limitadas as capacidades de sustentação do planeta, de depuração do ambiente, de absorção de resíduos; muitos recursos naturais não-renováveis, dentre eles o petróleo, se esgotarão em médio prazo, o que desafia a sustentabilidade da civilização baseada na sua exploração. Mais gente e mais consumo são elementos de uma equação que pode levar a conflitos movidos pelo acesso e apropriação dos recursos. A História nos assinala guerras por territórios produtivos, estratégicos, minerais valiosos, e em breve isso poderá ocorrer pela água-doce, cada vez mais escassa, e pelos recursos da biodiversidade, e exemplo da “nossa” Amazônia.
Como podemos perceber, a crise atual é mais do que uma crise da civilização, mas uma crise da evolução da espécie humana, que criou instrumentos de se autodestruir e de destruir o planeta. Temos dificuldade de entender que somos parte da grande “Teia da Vida”, não estamos acima nem abaixo, pois em a Natureza as hierarquias são aparentes, uma vez, fazermos parte do Todo.
O aprofundamento dessa consciência e percepção ambiental, bem como a maior sensibilização social e de cada um de nós, mostra que a paz social está associada às relações amigáveis com o ambiente e que os danos ao meio precisam dar lugar a uma nova atitude responsável, obedecendo a padrões éticos.
Não podemos mais achar que a responsabilidade deve ser somente dos governos e das grandes empresas. O desenvolvimento sustentável depende de um conjunto de ações de todos nós, cidadãos do mundo. Neste contexto destacamos o consumo responsável, que acontece quando adotamos posturas que evitam o desperdício de água, alimentos, resíduos, e buscamos adquirir produtos com baixo custo de energia, e que no seu processo produtivo menos lixo seja produzido e agrida cada vez menos a Terra. Como cidadãos precisamos estar atentos às propostas dos políticos e representantes, exigindo que tenham compromisso ecológico e de acordo com o paradigma do desenvolvimento sustentável. A espécie humana poderá, se assim o quiser e se utilizar de métodos alternativos, reverter os processos de degradação ambiental e ter um futuro diferente do que as previsões anunciam.
Em 2004, o comitê do Prêmio Nobel da Paz elegeu a ambientalista queniana, Wangari Maathai, que prestou relevante serviço à sociedade. As relações entre as questões ambientais e a Cultura de Paz ainda são precariamente percebidas. Ao destacar a questão ambiental como essencial para a Paz mundial, o comitê do Prêmio Nobel contribuiu para expandir a consciência do mundo nessa direção. A queniana consciente dessa estreita ligação, afirmou no seu discurso que “quando plantamos novas árvores estamos plantando sementes de paz”. A educação para a paz e para a cidadania é imprescindível para que se estabeleça uma melhor relação do Homem com o Meio Ambiente em que todos estamos inseridos.
Este é um compromisso de todos nós. Façamos nossa parte, homens, mulheres, crianças, instituições, governos, empresas. O tempo é agora.
Fernando de Sá Leitão
SEBRAE/RN - Escritório Regional de Assú
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